sábado, janeiro 6

Para homens desatentos
















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Torna-se cada dia mais comum mulheres solteiras e independentes com mais de trinta anos de idade.
Diante de todo discurso de que: estamos buscando nosso espaço na sociedade e estamos provocando uma postura mais realista do que "vitimista" perante ao mercado de trabalho e, consequentemente, perante aos nossos amigos e familiares.



É...
É como se vivêssemos em busca de um espaço tão somente nosso, mesmo se este for ocupado por centenas de homens desatentos à tantas mudanças femininas.
É como se quiséssemos uma chance, uma única oportunidade de melhorar o mundo, a carreira e a alma.
É como se enxergássemos além, abrindo caminhos e criando meios sempre em busca da felicidade.



Para vocês homens, isso é perfeitamente notório, até nos aplaudem quando conquistamos algo, ou quando nosso vestido marca nossas silhuetas. Ou melhor, quando tiramos férias e voltamos com os seios siliconados. Ou quando bebemos um pouco a mais no bar e assim, vocês conseguem nos olhar sem pudor com todo aquele desejo selvagem.

Embora a corrida seja cansativa, lutar diariamente requer atenção.  Toda força e sabedoria precisam de aconchego, carinho e abraços calorosos.
Para vocês, homens desatentos, nós mulheres queremos amar e ser amada... queremos sim respeito e um punhado de carinho nos momentos de solidão.




Abrir a porta do carro? Sim! 
Puxar a cadeira para sentar? Também!
Café da manhã? Por quê não?
Massagem nos pés? Boa dica!




Ei, você homem desatento, os quatro itens mencionados acima são apenas um punhadinho de coisas que afagam nosso coração, mas o mais importante disso tudo para nós mulheres com mais ou até menos de trinta anos de idade, queremos o seu respeito e a sua verdade. seja essa qual for. Afinal, somos tão fortes quanto vocês e estamos preparadas para ouvir SIM e também para ouvir o seu NÃO.



Fiquem atentos!






sábado, novembro 25

Um punhado de coisa aos 32

Enquanto agradeço as felicitações pelo meu aniversário, eu  procuro compreender o quê de fato representa 32 anos.

Um punhado de coisa surtiu efeito ao longo desses 32 anos de idade...
Talvez seja verdade quando dizem que colhemos aquilo que plantamos.
Embora não tivesse conhecimento do que estava plantando, a colheita foi perfeitamente reconhecida.
Talvez também, seja verdade quando dizem para escolher bem os caminhos, para seguir sua intuição e deixar seu coração falar mais alto.
Ainda que os obstáculos sejam enormes, as caminhadas foram intuitivas e desafiadoras, mas com uma pitada de simplicidade, amor ao próximo e gratidão.
Digamos que minha idade me empurrou a tomar decisões, diminuir a ansiedade e viver momentaneamente. 
Pela primeira vez no meu ciclo menstrual, eu pude sentir TPM. Meus hormônios estão aflorados, meu corpo mais sensível e suscetível a mudanças deste período.
Já percebo algumas marcas de expressão, as fotos não são mais as mesmas quando há uns 5 anos. Já sinto um esforço maior para se obter resultados na academia e se bobear as celulites duplicam.
Meus gastos ainda não são com remédios, mas com cremes e maquiagens aumentaram consideravelmente. 
Meus desejos aumentaram, por:
1-  Gastronomia, viagens curtas e um vinho a dois.
2- Ficar em casa, esticar o edredom na cama e tomar banho ouvindo música.
3- Ouvir as experiências dos amigos, trabalhar com quem me inspira e estudar sempre que for possível.
4- Doar coisas inúteis, mudar para lugares melhores do que o anterior, sentir-se confortável aonde quer que esteja.
5- Admirar pessoas com laços, dignidade e amor próprio; poder dizer mais "Não" e se libertar do que me faz mal.
6- Reconstruir minha alma, conectando-a com meu corpo e mente; tomar café sem açúcar e acender vela para o anjo protetor.


Não tenho tanta pressa, e ansiedade de abraçar o mundo. Mas tenho fôlego suficiente para criar mais desejos e sufocar minha própria vida por coisas úteis, agradáveis... essa que valem a pena quando se tem 32 anos.

Enquanto isso vou plantando mais um punhado de coisa, tomara que a colheita seja farta.





segunda-feira, setembro 11

Velocidade 3




Digamos que estou há quase 3 anos sem escrever nesse cantinho, esse que por um longo período já me esforcei e me dediquei.
Seria um tanto hipócrita e patético vir aqui dizer umas verdades sobre: velocidade vs pressa.
Não, eu não resumirei sobre as viagens realizadas nesse período, muito menos contarei sobre o que é viver em São Paulo, pois já estou aqui há exatos 3 anos.


Mas sobre este período que muito me alimenta, que vem consumindo minha energia, eu resolvi desabafar.


Tudo começou quando descobri que a melhor forma de se comunicar foi através de grupos no whatsApp: comecei pelo grupo da família que, ironicamente  também completa 3 anos de existência, iniciado  através de uma organização de encontro de primos em Angra dos Reis, RJ (na minha antiga casa). A partir dai, percebemos como seria interessante incluir à todos.  E assim o convívio é diário, as piadas do tio Marcos, os "bom dia" da tia Maria e até os áudios dos meus sobrinhos italianos são presença marcante a cada aniversario prestigiado.


Logo então, entrei ao grupo de trabalho - o chefe como administrador, claro. assim estamos conectados 24\7. claro que aos domingos, os homens soltam aquela piadinha de futebol. mas dia de semana, ou é tenso , ou é absolutamente necessário.
Imediatamente se cria outro grupo - o que chamamos de "Hospício", são os mesmos participantes do grupo do trabalho, porém sem o chefe.
Não satisfeitos, incluíram-me a um grupo abaixo do "Hospício", com apenas integrantes oficiais de boas risadas e sacanagens alheias.


Ao longo desses 3 anos, além de amizades antigas (um grupo para eles, claro), também tive a oportunidade de fazer novos amigos ,ou seja mais 5 novos grupos. ah lembrei, tem o grupo da MBA. totalizando  6 grupos.




Toda esta introdução para resumir os meus exatos 3 anos de vida digital aflorada.  Única forma essa de conseguir me comunicar com as pessoas.  Ou achar que só assim é feita uma boa conexão com alguém.  Sempre com aquele velho discurso que o tempo está escasso, que temos pressa pra tudo, e que o mundo está cada vez veloz.


Aí que os aplicativos de paquera também entraram nessa rotina, justo! Nessa correria toda, não teve opção melhor, rápida e prática  de se conhecer alguém.
Por muito tempo eu defendi a ideia de que, conhecer alguém por aplicativo de paquera seria mais uma expressão moderna digital vivida nessa nossa geração. Uma forma democrática, sem preconceitos e aberta para todo e qualquer humano que de alguma forma busca algo para suprir o pouco de tempo que ainda lhe resta.
Conversando com varias amigas e amigos resolvi criar um bate papo aberto sobre o tema e quem sabe virar um livro.
Todos (as) têm muitas historias, das mais divertidas até das mais constrangedoras inimagináveis. Dentre essas historias, um namoro e um casamento.


Dai que ouvindo uma entrevista de Mario Sergio Cortella  (https://www.youtube.com/watch?v=AivUx7C4TWs) fiz uma reflexão natural dos fatos.


Se não temos mais tempo, nem paciência para tanta mudança e se o que nos resta é a pressa de se ter algo; como conhecer alguém em meio essa correria toda?
será que estamos dando a devida atenção para essas pessoas que conhecemos, ou será que da tempo de sermos verdadeiros sem a pretensão de ferir o outro?


Pois é, o que na realidade não passa de uma rápida ilusão criada da forma mais violenta e ao mesmo tempo intima possíveis.
"temos pressa pra tudo, mas o amor exige tempo".  Cortella foi muito feliz ao definir em uma única frase o tempo que estamos vivendo. ou a perda de tempo que estamos criando.
estamos ocupados demais por coisa de menos. coisas inúteis, coisas vazias. 


Há 3 anos vivi uma paixão forte por este blog, mas passou, com a legitima defesa de que "estou sem tempo".
Imagina então se eu me apaixonar por alguém, será que terei tempo para esta pessoa quando a paixão virar amor? E ai sim, construir algo com pés no chão, clareza e afetos.
definitivamente quero voltar a me dedicar a este blog, passou aquela sensação de paixão, mas agora tenho por ele amor e farei com ele exatamente o que farei daqui pra frente.


Sabe a diferença de velocidade e de pressa?
Se vou com  velocidade, busco  algo que eu tenho foco, mas  se vou com  pressa eu busco algo sem enxergar os detalhes.  e é uma pena, pois o que vejo são tantas coisas vazias e rasas.



mais dedicação e esforço ao que possa trazer o bem, o amor de verdade e ... a velocidade na marcha certa do que de fato precisamos focar.



domingo, março 29

Eu não mudo, apenas me reivento

...E num piscar de olhos as coisas mudam. Mas, eu mudo?
Há uns meses ouvi essa frase: "você tem um sonho, por quê não ter a realidade?"
Quando, depois de 3 anos na cidade em que mal desejei, mas que muito vivi resolvi encarar uma outra mudança...
Quando suas perdas e ganhos não estão em equilibrio ou quando a maior sintonia de corpo e alma já não te protegem das energias desequilibradas por ai...você, num ato libertador quase instintivo se convence que a hora chegou. 
E isso, sem muita explicação, faz-se de mim um ser inquieto sabendo exatamente a hora de mudar. 
Eu desejo uma mudança da mesma forma que minha mãe desejou me ver andar depois de arrastar bastante os meu joelhos no chão. 
Eu encaro uma mudança com a mesma razão quando meu pai teve ao conhecer meu primeiro namorado, aquele sentimento de: -"minha filha caçula é quase uma mulher". Talvez eu ainda seja aquela menina de joelhos ralados, mas eu ando por ai com pulmão cheio de ar pra encarar meus medos.
Dessa vez, eu precisei de um empurrão! Porque até para aceitar ajuda vcê precisa acreditar que, de tal forma ela te libertará. Foi ai que descobri um treinamento chamado "imersão leader training". O que posso dizer é, nada muda sua vida ou seu jeito de pensar se você não aceita ser diferente, se você não se reiventar...
E eis que uma manhã de uma segunda-feira passando pela sala, antes de fechar a porta passar a chave e ir trabalhar, como o de costume, eu parei por 1 min, talvez um pouco menos, talvez um pouco mais e olhei ao redor de cima pra baixo, do lado para o outro e fui embora. Desejei naquele instante a mudanča que eu queria pra minha vida, para o meu futuro. 
E foi assim, minha partida de Angra dos Reis ( última cidade vivida no Estado do Rio de Janeiro) para São Paulo capital foi da mais libertadora que já passei.
Doei todas as minhas roupas, das mais elegantes as mais inuteis, dos sapatos só restarm um tênis de corrida e uma sandália branca de palha. 
Dos móveis, das pequenas  coisas doadas, ate aquela cama que desarrumei por 3 anos vendida a um preço, cujo sabor da liberdade pouco importa o quanto pagaram, o sentimento de desapego foi o maior alívio que já senti. 
Meu último disrcuso foi, que sejam felizes com as coisas que fizeram parte da minha casa, da minha vida. Assim como fui, de todo meu coração. E se um dia quiserem se libertar, doem para a felicidade de alguém. 
Medo, ansiedade, frio na barriga... O novo assusta, porém o que se torna mais assustador é a rotina derrotista e de autosabotagem que se constroi no ser-humano. 
Eu, muitas das vezes não acreditei. Pensei até em desistir. Mas encarei, com a mais pura curiosidade em saber o que Deus reservaria lá na frente pra mim. 
Eu vivo à mudança, mas eu não mudo... Eu, apenas me reivento. 






segunda-feira, setembro 29

O remédio ou o veneno ? Qual escolher??

Porque falar da modernidade é tão complexo quanto falar da gente mesmo ... 
E já digo que ambos têm uma forte ligação: tendenciosa e misteriosa

Há tempos que não escrevo e já ouvi uma vez que só faço  bem isso quando estou triste. Não exatamente, pois gosto de me concentrar e escrever quando, de fato, algo mexeu comigo e isso independe do meu estado emocional! (...)

" Sou remédio sou veneno, depende da dose" .  Essa foi a frase que me fez pensar, e então escrever. 
E é quando você percebe que faz muito sentido: o mesmo remédio que cura, também mata... Depende da quantidade.
E aí que modernidade demais tem o poder de te retroceder. A tecnologia a favor do dia a dia , da construção dos afazeres, mas também a favor do retrocesso e dos abusos morais. 
Adicionar novos aplicativos seja dos mais convenientes até dos mais supérfluos é a onda do momento, tudo atrelado à redes sociais , claro. Porque o bacana é curtir sem saber se é bom ou ruim, isso pra você ser "curtido" na mesma proporção! 
E é quando você escuta por aí as mil maravilhas de se ter um aplicativo " radar" em busca de pessoas e que é bem simples: é só ligar o gps que hoje, a noite está garantida. Perfeito seria se só existisse essa noite, ou se a cada noite você localizasse a pessoa ideal... perfeito seria se não existissem os bons costumes ou se ninguém falasse em moral ou coisa parecida. Mas é que a tecnologia por si não tem o poder destrutivo ou benéfico. Quem define se será para o bem ou para o mal são esses seres localizados por gps numa noite qualquer. Esses  seres cheios de ideais e sonhos que antes de um smartphone são donos de um coração e uma vida que só a ele pertence... 
E é quando você percebe que o ideal passa a ser essencial/primordial onde, de forma desordenada, você propaga sentimentos de prazer acompanhado de uma certa culpa, mas que essa passa logo quando o radar localiza o próximo da fila! 
Preocupo-me quando a mesma tecnologia que une, que encurta distancia e que estreita , também consegue romper laços e estruturas de pessoas cheias de sonhos e ideais, essas localizadas por um GPS numa noite qualquer... 
Quantas gostas desse remédio tenho q tomar mesmo????




quarta-feira, abril 10

Em busca da simplicidade


E então, mais que de repente, em meio à bagunça acumulativa da vida urbana, dá  na gente de sonhar com a simplicidade. E que, portanto, peguei-me fazendo três perguntas: Por que beber com os amigos tantos copos de cerveja; umas bem geladas, outras nem tanto assim? Os copos não me dão prazer algum; mas que  acompanhados de boas companhias, aliviam-me de tensões racionais do dia-a-dia. E desses tragos são uma necessidade que eu criei. Por que da obrigação de brilhar um pouco entre uma rebolada e outra, escutando aquela música que não faz sentido algum se tocada na sala da sua casa; ou por que dizer que é feliz pelo fato de você estar condicionado a enxergar sempre de uma forma positiva, quando na realidade você só quer tapar os olhos e ter uma boa noite de sono. 
Um certo dia, parada entre uma vitrine e outra a procura de uma bolsa de couro preta, sim pois, disseram-me que eu deveria ter uma bolsa de couro preta. Porque sua durabilidade é maior? Não, porque pagar R$ 400,00 numa bolsa é como desfilar na passarela social. E que de quebra o sapato tem que combinar. Não comprei. Não pelo preço, mas pela falta de "apreço". E que então, passei ao supermercado comprei alguns quilos de carne, temperos e uma garrafa de vinho. Pronto, um aconchegante jantar em família numa sexta-feira chuvosa numa cidadezinha qualquer do interior. 
Todo mundo, com certeza, tem de repente  um sonhosinho assim. Apenas um instante! bateria do Ipad cheia. Um momento... preciso ler meus e-mails, preparar o dia seguinte, olhar as redes sociais e programar uma viagem. Não precisamos ver nada , precisamos apenas viver - sem programações, sem números, distraídos, bons e preguiçosos... a bateria acaba novamente. rs

terça-feira, setembro 18

As verdades que sejam (mal)ditas


Às vezes não encontro palavras certas que possam extrair todas as verdades; isso não quer dizer que fujo com a obrigação dos esclarecimentos. Sobretudo a minha omissão em palavras se torna um somatório de pensamentos que fazem a minha cabeça pesar...

Ás vezes completar trinta anos de idade é muito mais reflexível e generoso do que encarar as mutações de idades anteriores;
Aos vinte encarei mudanças, entretanto sem mais aquele complexo de inferioridade. Dai que tive a sensação de que a vida era pra ser vivida e que o amor seria o começo de todas as coisas. 
Logo fui me enchendo de sonhos, aspirações e de inspirações - minha vida era farta. Das grandes aventuras misturadas com coisa pequena. 
Verdadeiramente buscava o amor e a simplicidade. 
Foi ai que descobri que intensidade contamina, que ansiedade transforma e que amor demais desanda. 
Da mesma proporção da dor, sobretudo eu ainda tinha amor. 
Mas as descobertas não paravam de chegar; das mudanças do que posso chamar de conquistas; das aventuras muito bem exploradas; das falhas e derrotas entendidas... da compreensão de que o melhor é ouvir muito além do que se falar. E que amor e respeito andam juntos - enquanto um você conquista o outro, mantém-se.
E aos vinte e seis, nem mais e nem menos - das perdas e ganhos - dos erros e acertos - dos acúmulos e vazios: eu ousei! 

E se ainda me faltam as verdades, que ao menos eu soube ousar, por pura definição ou vocação!


Até amigos com mais expedições... 

sábado, julho 28

Próxima parada...


Viajar? Para viajar basta se perder... Eu sempre digo isso quando, ironicamente meu forte não são os mapas; muito embora tenha-os em mãos. Mas não os domino. Tá, tudo bem,excessão para os mini-mapas entregues nos albergues ou em hoteis e os do guia de viagem Lonely Planet... Odeio abrir os mapas em ruas quentes e movimentadas; odeio mais ainda a seguir exatamente àquela direção grifada a caneta. Não que eu seja displicente ou imprudente; prefiro as placas e as pessoas. Sim! As pessoas sempre!  
Não sei o que seriam de minhas viagens se não tivessem, no mínimo - pessoas! E olha que muitas das vezes viajo sozinha. Sozinha? O bacana é saber que, naquele exato momento e no exato lugar, tem sempre alguém buscando além dos mapas e um esbarrão pode acontecer...

Foi ai que resolvi fazer diferente nessa trip desse ano - além de procurar os lugares, por quê não pessoas antes mesmo de viajar? 
Entrei então na rede dos Couchsurfing - CS, um ambiente em que trocas de experiências e dicas de viagem vão muito mais além quando não só se abrem os mapas, mas também a porta da sua casa. Já os recebi e tive boas trocas... 
O destino da vez será fragmentado em partes delicadas e sutis - Espero por muitas vibrações e acolhimentos. Turquia - Grécia - Itália - Barcelona - Porto
Não espero por muitos episódios, mas sim por sensações. Não espero o tempo e nem o espero por muito tempo. Eu apenas espero por dar sentido sem se perder nos mapas...
"...a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir" Fernando Pessoa

Até amigos, 

Contarei meus passos se os casos ao acaso acontecerem.

quinta-feira, abril 12

Enfim, um lar!


Há àqueles que ainda duvidam, acreditem eu também muito já duvidei...
Sempre dizia que minha vida e minha base segura cabiam dentro de uma mochila 60L Quechua.
Apenas precisava de um bom e velho par de tênis Timberland e uma mochila com tudo que é mais valioso - minha felicidade. Porque tudo se torna fotografia e lembranças suaves que me fazem caminhar; e sempre caminhar...
Desde novinha sentia na pele a responsabilidade da palavra "mudança", mudei-me 3 vezes com meus pais e irmas mais velhas...masss
Fevereivo de 2007, eu arrumava duas malas: uma pra Machu Picchu outra pra vida nova. Sim, eu encaro mudanças da mesma forma como abro meu passaporte: adoro virar as páginas.
Já no 3º periodo de faculdade consigo a vaga de estagiária, minha primeira e única vaga. Só podia estufar o peito e me orgulhar de mim mesma: adeus casa dos pais! Foi ai que aquela adrenalina de subir as montanhas rochosas do Peru voltou com um frio na barriga de subir no elevador de um pseudo-novo-lar.
Dai que me deparei ao meio de uma cidade "grande" e com 6 mulheres totalmente diferentes e unificadas por um mesmo espaço. Dividíamos matemática financeira em momentos de garfadas numa cozinha de chao vermelho. Haviam dias de literatura e sardinhas... Definitivamente mau sabia cozinhar macarrão estantâneo.
Era a mais pão dura da casa, todo dinheiro do estágio era guardado para possiveis viagens futuras, sim muito bem investido! Cinema? Apesar de morar na mesma calçada, meu orçamento permitia 1 bilhete por mês. Pipoca? Não, isso meu orçamento não permitia.
A economia foi quase que vício, o essencial e necessário, tornaram-se bases curtas e calculáveis custe o que custar.
Dai que veio oportunidade de trocar de "pseudo-lar" e fui para uma casa. E de novo arrumando duas malas: uma pra Bolívia e a outra para um novo quarto na casa das 7 mulheres. Pude escolher o novo quartinho, assim como definição, pois eu quem conseguira a locação. (amizade do Sr Ailton - rapaz de 60 anos, muito mallhado e que pintava o cabelo) . Fiquei no 2º andar, assim teria uma janela em que poderia colocar meus cactos. Mas a companheira de quarto não gostava de plantas, muito menos da minha humilde decoração. Mas eu gostava dela, ainda gosto.
E foi assim por um curto periodo em que não me lembro muito bem, mas sempre em 7.
Dai que, por ocasiões descabíveis, um outro belo dia chega e eu venho a decidir: vou me mudar!
Juntando oportunidade de trabalho mais um "pseudo-casamento", fui.
Dai que me deparei novamente arrumando duas malas: uma pra Itália, outra pra "pseudo-casa-nova". A vontade desesperada de cruzar o oceano e ver minha irma que vive em Roma era tamanha que por um tempo a segunda mala ficara intacta, sem tirar nem por nada nela...
De uma viagem a outra deparei com a má inquietude do meu ser. Ou será que esqueci que toda minha felicidade cabia dentro de uma mochila de 60L Quechua? Não! Uma voz dizia: você não pode parar, onde está aquela adrenalina de subir montanhas, donde estão os tênis velhotes de sempre?
E por ocasiões subsequentes, deparei-me novamente em um "pseudo-novo-velho-lar", mas dessa vez com 4 mulheres. Dai que arrumara três malas: uma pra Cuba, uma pra Portugal e outra para um lar bem mais aromatico e generoso. Sim, desbravei a cozinha da mesma forma como foi se perder na cidade de Leiria - Portugal e enjoar com o cheiro de fumo em Cuba.
E quando tudo parecia normal, ao natural... vem logo aquela aflição de coisa parada - eu explico: dependo de movimentos- e isso era bem visivel quando quinzenalmente fazia meu quarto girar, mas dessa vez dormindo sozinha, pude ganhar mobilidade. Ora um quadro na parede, ora uma fotografia no album... a cama? Essa ai rodou. Fui motivo de piada pelas 4 mulheres e por todos aqueles que nos visitavam.
Então, para que os movimentos pudessem sair porta a fora do quarto resolvi encarar a cozinha, daquele pequeno espaço pude me relacionar bem com o arroz e dai as receitas surgiam.
Mas meus movimentos se limitaram, mesmo encarando as viagens paralelas dai que desbravando 21 paises em sua totalidade, eu ainda precisava de mais mobilidade!
E como nossos movimentos são notórios, resolvi entao a procurar terapia. Loucura? Talvez buscar em mim mesma a solução para uma energia acumulada, uma bomba pronta e letal.
Até que as visitas à psicologa foram das mais engraçadas as mais interativas possíveis. Logo no primeiro dia eu quis expor tudo aquilo que pensava e tudo aquilo que me fazia como gente. Recebi logo um: calma! Vc voltará por aqui, fique tranquila, não quero saber tudo hoje. A vergonha me fez engolir seco. E a falta de paciência foi se transformando em grande admiração e amizade por aquela profissional que só sabia rir dos meus causos. E o dia chegou! Ela sabia que estava perto de acontecer "a mudança", mas não sabia até então, como me dizer:"você é assim e assim morrerá um dia".
Duas malas, pra variar: uma pra África do Sul, outra para um LAR! Como assim? Um lar?? fui pra África afoita pra conhecer o país e as pessoas da escola ao qual iria frequentar; mas voltei de lá e ai que veio a casaulidade formal de se receber a noticia com uma pergunta: quer se mudar?
E hoje estou aqui, escrevendo numa suposta sala com uma luz amarelada que me traz uma certa paz. Também hoje, acabo de montar a mesa de jantar com 6 cadeiras. Porque mesmo sozinha e em uma cidade completamente diferente ao qual vivia, eu ainda penso nos "pseudos-velhos-lares" e que hoje, sentada na minha mesa recém montada revejo fotografias, dessas entre outras mil sobre todos ou quase todos meus movimentos. Dessa tal felicidade que falei.
Mas há aqueles que ainda duvidam, eu sei. E ficarei aqui, nesse que posso chamar de Lar; mas já pensando em arrumar as malas - porque o barato do passaporte é poder virar as páginas.
Até amigos , próximo post contando sobre a nova cidade que cá estou e até quando não sei!

quinta-feira, março 22

As mulheres e a viajante

Sempre entre amigas, os assuntos são dos mais diversos possíveis aos mais fúteis do meu maior contragosto, mas que fazem parte dos encontros suaves entre: jovens mães, recém casadas, novatas na cozinha, avó segura de si e a viajante. Sim, enrtre elas, eu sou "a viajante", posso dizer que de primeira viagem quando se trata de muitos assuntos.
Acho engraçado porque, eu entre várias, sou apenas "a viajante". Para elas, sou daquela quem diz "Adeus" da mesma forma e espontaneidade como quem diz: "Ei, prazer, sou sua nova companheira de quarto". Elas também me acham louca, animada, boa de papo e vazia. De todos os adjetivos, o último me chama mais atenção. Pode parecer estranho, mas me excita as conclusões alheias.
"Você nao tem marido, não tem filhos, não tem endereço fixo, não pensa em contratar profissional do lar, não cria expectativa e ansiedade quando o assunto é "liquidação", não sabe nem o que é "escova marroquina", e essas unhas?? - Há quanto tempo não vê um esmalte? "...

Uma dessas amigas, a barriga estufa a cada dia, grávida de 5 meses é feliz por criar expectativas e desenhos de borboleta num quarto todo planejado.
Imagino que, na sala de parto terá a primeira foto postada direto pra rede social.

A amiga mais jovem e bonita veste roupa sempre um número a menor de seu manequim, sorridente fala com orgulho das gramas perdidas véspera de sua formatura.
De fato está muito bonita, mas quando a convido pra uma viagem, ela logo pergunta: Lá tem shopping?? Deve ser por isso que ela nunca quis viajar comigo.

A amiga que se diz "cozinheira" comprou três livros de receita e os devora todos os dias antes do maridão chegar. E fala com orgulho: - Eu o conquistei pelo estômago.
Ela é uma boa dona de casa, as vezes eu a invejo por ser tão dedicada. A recusa de experimentar seus pratos é como assinar sua própria sentença de morte, portanto só vamos em sua casa quando estamos com muita fome e disposição, porque miséria não é seu forte.

E amiga que aos cinquenta anos já é vovó e fica toda orgulhosa quando o assunto é o "neto". Para aquela senhora, o ser mais importante e poderoso do planeta é uma criança de 6 anos. E ela mau sabe que todas as pirraças daquele moleque vinha dos seus cuidados exagerados.

Talvez eu esteja errada, mas se é assim que sou para elas, então prefiro continuar como "a viajante".
Posso não ter marido, que direi namorado, mas como diz Joel, um grande amigo português: Ora gaja, antes só do que mau acompanhada, pah.
E por quê é tão horrível ainda não ser mãe? Não sou daquelas que sonham com vestido de noiva, jóias e quarto rosa ou azul pra bebês.
Do meu casamento se possível ao ar livre, pés descalços, pisando firmes no chão, longe de sermão e bajulações alheias. Das gestações, jamais saberei o sexo até o último dia, pois sem dúvida prefiro perder horas e horas conversando com ele\ela na barriga, aprendendo e enfrentando as mudanças da vida do que ter dor de cabeça ao pensar na cor da parede que tem que combinar com a almofada do sofá rosa.

Mas que, sempre entre amigas, os assuntos serão diversos...

*escrevi esse texto e com ele essas mulheres. Não as conheço, mas acredito que, cada uma as tem dentro de si.

terça-feira, dezembro 20

Expedição: África

tirei essa foto em Limpopo Province


De volta! Um tempo sem blog, uma forma de me "conectar" com o mundo.m
Um tempo para me dedicar à viagens, comida e pessoas...
Dos caminhos percorridos na Europa, eu quase aqui não pisei. (postarei aos poucos)...
Mas o destino da vez foi África do Sul! Decidi mudar a rota, traçar novos horizontes. Dessa vez levei comigo um "moleskine" - presente especial de Leiria - Portugal... (curiosidade -Darwin levou um em sua expedição a Ilhas Galápagos)...
África já era um destino que martelava minha cabeça, precisava sentir o "approach" desse lugar.. Dai que essa sensação "solitária - alone - sola" já não cabia em meus planos. E exatamente por 1 mês vivi com pessoas absolutamente diferentes e verdadeiramente, as mais importantes naquele momento de (re)construção pessoal... Pude enxergar minha solidão compartilhada.
África é muito além Safari... Delícias de bailes tropicais em sábado a noite, comidas apimentadas e jantares religiosamente servidos às 18:00hs; vinhos fenomenais...e pessoas! Pessoas assimétricas de cantos opostos! Traduzindo: globalização do bem!
Até amigos, com Expedição África do Sul!

quarta-feira, julho 20

Vinte absurdos viajados



Vinte paises visitados;
Vinte tantos anos já vividos;
Vinte e tantas histórias contadas;
Vinte experiências adquiridas;
Vinte...
Vinte de julho (hoje)


"Vinte" ver hoje... por aqui.
Espero outras vinte vezes mais!
Até

domingo, março 20

Não querer é poder

Tirei essa foto na Fazenda Taquara - RJ
Foco!
Essa é a bendita palavra que me deixa por vezes, sem ação.
Não consigo aceitar a possiblidade de viver focada e tão somente naquilo que quero. Mas e aquilo que não quero?
Já me basta o dia-a-dia que nem meu é. Que nem sou eu. Que não me é.
Sou carregada pela rotina, como se ela me arrastasse todos os dias, só pra eu não perder o foco.
Foco?
Já decidi que, o que quero é não querer.
E é por isso que viajo, só assim me faço, por alguns instantes, focada nas minhas fotografias.
De volta e com mais expedições - Até a próxima pessoal, com mais Europa e seus encantos escondidos - Paris, Madrid, Itália e Portugal

terça-feira, fevereiro 15

Expedição Cuba - FiM



Essa expedição chega ao fim. Chego ao fim... Desejando outros começos...
Última parada: Varadero.

Praia, música, calor... Um verdadeiro momento de entrega. Aqueles momentos em que "somos aquilo que desejamos".
Alguns dias no paraíso. Fora da realidade. Fora de mim.
Deixei tudo que pude trancado numa mala - guias, anotações, livros, documentos....
Separei o necessário para viver o impossível, o incontestável.
Além de uma boa comida, tinha também, boas companhias nos horários gastronômicos - tratei logo de fazer amizade com o cozinheiro. Meu peixe grelhado estava sempre a minha espera. Com direito a cola cubana bem gelada, servida por um cubano de dois metros de altura. Muito bem servida por sinal. Amizade fiz, prazeres, (re)fiz...
Estava em uma sequência de movimentos - não sabia pra onde iria, não sabia o que queria.... mas eu sabia que aquilo finalizaria ao 12:00hs de uma segunda-feira.
Volto e na roupa carrego aquele suave cheiro impregnado. Coisa boa - leve

Adeus Cuba, obrigada por todas aquelas ruas que andei. Conheci uma Cuba cheia de revelações.


domingo, janeiro 23

Expedição Cuba - PaRtE 9

Os caminhos já foram percorridos... O destino finalizado... O tumulto termina... A grandiosidade se inicia...
Muito embora tenha chegado ao fim dessa expedição e de volta à Havana, eu ainda precisava descansar. Não fui à  Cuba pra deitar numa rede, segurando em uma das mãos um copo de mojito e a outra levada ao chão, fazendo o balanço leve, vai-vem. Fui à Cuba para, pura e simplesmente sentir. Desde aquela brisa na sacada do quarto em Havana até aquele cheiro de charuto pelas ruas - Che caminha e dobra às esquinas. Mas eu precisava descansar. E fui até Varadero pra isso. (próximo post)...

De volta à Havana e tudo muito diferente. Aquela gente não mudou, nem os carros e muito menos as calçadas. Mas a minha percepção mudou. Eu mudei. E tudo mudou. O mar me encarava, coisa que nos primeiros dias não. O hotel já não era tão vazio e enorme. O elevador já não me metia medo. Soube chegar ao quarto, como se estivesse em uma linha reta. Sentia-me em casa. E ligo a TV e mais governo. Fidel, com uma voz cansada e falha pôde me informar alguns capítulos de seu mais novo livro. Não hesitei, fui às ruas e comprei por um preço: 25 cucs. "Tudo tem seu preço". Últimos passeios em Havana e dessa vez optei pela bela e extraordinária natureza. A montanha, as grutas, as pedras... Queriam nos mostrar uma bebida típica, com valor calórico substancial e quando gelada, dá excelente sensação de frescor. Caldo de cana! Só esqueceram de oferecer pastel!!!hahaha
Conheci duas brasileiras e isso é motivo de comemoração. Muito raro conhecer brasileiros nas minhas viagens. Duas queridas e simpáticas aventureiras. Duas que  vieram pra somar. Pude desfrutar da companhia e pudemos observar juntas. Dessa vez tive com quem compartilhar. Bebemos piña colada no almoço... "Sacamos" fotografias... Miramos o horizonte... E a chegada do "adeus"... Que nada, pelo delicado da vida e destino, ficamos no mesmo hotel... Mesmo andar!!! E ainda teríamos uma noite toda pela frente.
Exaustas, chegamos no bairro do hotel,  compramos bebidas para uma noite quente cubana. Mesmo ainda sem definição do que fazer, mas já tínhamos as bebidas! 
Fui a primeira a tomar banho e corri pra minha sacada, e estava lá , o sol avermelhado dando adeus e uma rua vazia recebendo a última luz do dia.
Corri pro quarto das meninas, trocamos excelentes ideias de tudo que é tipo; gosto; sexo e religião... Mesmo com aquela cerveja quente comprada a poucos minutos, saboreamos como se fossem as últimas latinhas de Cuba...
Fomos pra rua. Chamamos um táxi, destino: Forte. Pela noite  há um ritual em que homens disparam o canhão. Esperamos até o fim. E lá do alto a vista era coisa de cinema. E o calor não combinava com a vontade de andar por aquelas passarelas por detrás a uma muralha...
A noite não poderia acabar por ali. Sentíamos a necessidade de comemorar ou de despedir de alguma coisa. Sim, eu estava de partida. Dia seguinte, desfrutaria do mar caribeño, enquanto que elas, das ruas calientes e misteriosas de Havana.
Chegamos ao hotel, logo na entrada há um cartaz com toda a programação da noite cubana - de segunda a domingo. No último andar do hotel há um bar-show. A felicidade foi saber que, teríamos mais um tempo juntas. Corri ao meu quarto, troquei de roupa -claro! Um show cubano pediria um modelito mais leve, solto. Um vestido a la cubana! Bebi minha última latinha e fomos! Apesar do ambiente hostil totalmente "gringo", três brasileiras fazem o lugar.
Assim como em filmes, o bar apresentava características sofisticadas, em que o garçom se limita num círculo em que cadeiras ficam ao seu redor. (Como queríamos um mojito,mas o preço desanimava). Compramos! Brindamos! Comemoramos! 
Russos, muito deles! E nós três! 
Começa o show. Mulheres cubanas sensacionais, lindas e vibrantes. O som, a voz, o rebolado... coisa pra gringo nenhum botar defeito... E na cadeira dançavamos... Fechei meus olhos e toquei meus cabelos, sentia calor e a vibração daquele som. Algo se movia.. Era o teto, abriu como se fosse um pedido aos céus. E aquelas estrelas invadiram o espetáculo. 
Como de costume, em shows para gringos, a cantora desce do palco e busca algumas pessoas... Aquele seu vestido colado e um rebolado invejável, atravessa o salão buscando algumas pessoas pelas mãos. Aquilo seria divertido até o momento em que sinto uma mão suada segurando a minha... "Venga, venga" De dónde eres? Soy de Brasil! Aaaaiiii Brasil me encanta! Tienes que venir aca a bailar... Minha reação foi olhar para trás e minhas amigas brasileiras falaram uma só palavra junto àquele olhar de aprovação: Vai! 
Talvez a cerveja quente, mais um mojito aos olhos da cara, fizeram-me acreditar que, eu poderia dançar como as cubanas. Se foi igual, eu não sei. Mas que dancei até chão, dancei!
Esses foram os dias em Havana... e o fim se aproxima. Malas prontas para el Caribe!!!! 
Até amigos. Próxima e última parada, Varadero!

sexta-feira, janeiro 7

Refém da solidão


.Um raminho de manjericão fresco e uns botões de rosas falsas dão graça ao ambiente hostil que me encontro - um arranjo do meu desarranjo - uma mesa simples porém arrumada (curto isso)
..Antes de escrever e moldar o final da  história - minha e a de Cuba pelos caminhos percorridos e conquistados (" A experiência individual não vale de nada se não for compartilhada" - frase do Tio None), devo admitir uma falha, um refúgio, uma solidão - essa, vem, vai, passa, arde o peito, aperta o coração... Mando uma música...

Estava aqui dando alguns toques e retoques da próxima trip (Europa) mas lá vai, não aguentei e...
Mas não dizem que é na ausência que se constrói a saudade... e também que a saudade não é o tempero do amor??! Eis então música de Paulo C Pinheiro - Refém da Solidão


Quem da solidão fez seu bem
Vai terminar seu refém
E a vida pára também
Não vai nem vem
Vira uma certa paz
Que não faz nem desfaz
Tornando as coisas banais
E o ser humano incapaz de prosseguir
Sem ter pra onde ir
Infelizmente eu nada fiz
Não fui feliz nem infeliz
Eu fui somente um aprendiz
Daquilo que eu não quis
Aprendiz de morrer
Mas pra aprender a morrer
Foi necessário viver
E eu viviMas nunca descobri
Se essa vida existe
Ou essa gente é que insiste
Em dizer que é triste ou que é feliz
Vendo a vida passar
E essa vida é uma atriz
Que corta o bem na raiz
E faz do mal cicatriz
Vai ver até que essa vida é morte
E a morte éA vida que se quer
PQP! Essa música diz tudo ou engana tudo! nota 10
Até amigos

quinta-feira, dezembro 23

Eu te amo... não diz tudo!

Uma pausa em Expedição Cuba!(...)
2010! Um ano inteiro ao fim. De um fim para um começo. E é tempo de (re)começar...

Nos tempos de menina rebelde, sapeca e inocente sentia uma certa felicidade no mês de dezembro. Porque era fim de ano, porque eram férias escolares e sempre íamos à praia, porque sabia que a grande família estaria toda reunida, porque ganharia aquele tão esperado presente e porque era absurdamente louca pra completar logo meus 15 anos - pensava que alguma coisa de espetacular aconteceria nos meus 15 anos! (...) Sempre assim, nesse mesmo ritmo de sinais positivos perante a um coração vazio, mas cheio de expectativas ao ano seguinte.
E o ano dos meus 15 anos chegou! Meninas sorridentes de peitos "verdolengos" apontados para a lua fazem escolhas: ou festa ou Disney! Não tive escolhas. Eu só queria alguma coisa, mas não sabia o que era. Mesmo assim, sem muita manifestação ganhei uma festa. E foi ai que descobri como é bom ganhar presentes e  porém, como é ruim aquela amiga riquinha lhe presentear com uma blusa de marca ao qual não te serve. A porr@#$% da blusa fica lá no guarda-roupa até o dia que sua mãe descobre e dá pra filha da empregada. ( e como ficou linda nela)...
E outros anos se passaram... outros sorrisos, outras lágrimas, outras pessoas, outras viagens, outros amigos, outras aventuras.... outras e outras coisas mais... mas nessa mesma vida. Vida essa que se morre e se (re)vive, que se cansa, que se acostuma, que se conquista, que se exige!(...)
Quando menina sentia uma certa felicidade na certeza de que meus pais estariam ali, no quarto ao lado. Sonhava com um quarto só pra mim, mas eu tinha ali, duas irmãs, companheiras de fim de noite até se transformarem em personagens dos meus piores pesadelos. (o medo tomava conta naquele quarto - mas sabíamos que o quarto dos pais ficava ao lado e corríamos pra lá, antes que alguma bruxa nos pegasse)...
Já não vivi mais aquela tal felicidade. E que nem sabia que o que sentia ou o que vivia era a mais pura de todas. Já não há ceias fartas com toda uma família e gerações. Já não divido quarto com as minhas antigas companheiras e nem choro de medo por elas e com elas. Já não sinto aquela mesma segurança de saber que no quarto ao lado poderia encontrar todas as noites duas pessoas que diante de tudo, faziam-me feliz e protegida.
Meus 15 anos passaram e com eles tudo aquilo que lhes pertenciam.
Dez anos depois, encontro-me com aquele mesmo coração vazio e com aquela mesma vontade de ter alguma coisa. A diferença é que hoje eu já sei o que quero... Eu quero é dizer:
"Eu te amo!"... não diz tudo, mas digo  para quatro pessoas que fizeram e fazem parte da minha construção, da minha base... dessa louca arquitetura que somos moldados. O amor é sentido. E eu sinto amor, sem ofegar, mas com muitos suspiros. Eu sou o amor porque me sinto amada. Na distância, na doença, na tristeza... eu sinto o amor, principalmente nessas ocasiões. Nas minhas decisões, nos acontecimentos, nas minhas aventuras e nos meus desapegos... é tão forte que chega ser visível.
Sou amada porque me deixam ser... deixam-me por ai, pelo mundo. Porque sabem que sou aquela base sólida de amor aonde quer que eu vá. Eu os amo porque os deixo ser. (todos longe porém muito próximos). E desse amor nasceu mais uma vida - sou tia de um lindo ser que veio ao mundo pra mais uma etapa e uma geração. Eu também o amo, mas não o vejo. Ele sente, porque quando se tem vida se tem amor. (Minha irmã do meio vive em outro país, minha irmã mais velha vive em uma outra cidade e meus pais também).
Talvez já tenha dito mais vezes "eu te amo" à um homem do que pra minha família...
Mas dizer "Eu te amo", NÃO DIZ TUDO!
Porque o amor verdadeiro é sentido e não falado. É vivido e não sonhado. É eterno e não "infinito". É constante e não momentâneo.
Já tenho de volta aquela felicidade de menina. Porque hoje, em dezembro, revivendo momentos com minha família, já ganhei um presente e mesmo não estando de férias posso desfrutar de uma paz conquistada por um coração ainda vazio - meu maior presente é poder amar vocês e saber que, mesmo se falar... NÃO DIZ TUDO!
Feliz Natal a todos e que venha 2011 - não é o país do futebol?? Então a gente mata no peito!!!

domingo, dezembro 19

Expedição Cuba - PaRtE 8

Trinidad de Cuba
...Escutando "Grandes voces del son cubano" "El Jilguero de Cienfuegos...

A disposição era tamanha que parei em duas cidades num mesmo dia. Um dia radiante.
Já fazia parte de Cuba.
Trinidad e Cienfuegos foram duas cidades em que vi a hora passar, bem lentamente...
Já não pensava, não concluia e não falava. Eu apenas caminhava. Não ouvia vozes e não desconfiava do que estava por vir. Mas não veio. E eu ainda caminhava.
Senti um grande vazio em Trinidad. O chão batido empoeirava meus pés até a canela. Não existia sombra naquele lugar. Era um vazio no meio do nada. Mesmo em um negativo súbito consciente, ao meu redor tinham rostos felizes. Pessoas sorriam ao mesmo tempo que ofereciam seus adornos para troca ou venda. Eram cordões e enfeites de sementes de árvores cubanas. 5 cordões por 2 cucs. Aquilo era muito familiar, não me chamava atenção, pois as sementes são muito semelhantes com as nossas, aqui do Brasil. Mas comprei, comprei 10. Não que eu as usasse todas de uma só vez ou, a cada dia da semana colocasse um. Eu trouxe para presentear. Só depois percebi que não restara para mim. Fiquei sem, mas fiquei feliz. O que eu carrego é muito mais que um cordão, charuto ou qualquer coisa que trouxera de Cuba. O que tenho é único, é belo é intransponível - eu tenho a lembrança de um lugar que sonhei estar. Eu tenho em mim a liberdade conquistada. Tenho a viagem como um grande desafio, uma espécie de amor. Sinto-me amada. Essa é a minha verdadeira relação com as viagens.
... Mas eu não pensava em nada. Cienfuegos chegou. Uma cidade limpa, simples, solitária... O mar ao fundo e a praça no centro. Parecia uma exposição de carros antigos.
Um dia inteiro pra não pensar em nada. Foi assim em duas cidades cubanas.
...Hora de voltar à Havana. Pegar estrada, horas e horas vendo passar aqueles lugares que, fizeram-me não pensar. Definitivamente eu consegui viajar. Isso é que chamo de liberdade.
As fotos falam por mim:




Cienfuegos

terça-feira, dezembro 7

Expedição Cuba - PaRtE 7

Em Sancti Spíritus

...Daí quando me dei conta, já estava em uma outra cidade, e aquilo era tudo muito real. Pisava firme naquelas pedras e sentia a areia roçar no meu dedo do pé. Só sabia andar. Tudo aquilo era muito normal. Foi tão óbvio que a sensação veio em forma de "uma poça no chão". Sim, eu pisei na poça em uma rua deserta.
Fui andando sem pensar em voltar e percebi que aquele sonho cresceu. Estava exatamente lá. Um lugar que sonhei por muito tempo. O sonho cresceu, libertou-se de quem o sonhou. Estava naquele momento, desprendendo-se do meu próprio sonho, em uma rua deserta de Sancti Spíritus.
Eu respiro, eu sinto prazer. Valorizo um sonho conquistado!
Das casas, das ruas, das construções... O que queria mesmo era estar por ali, andar e enxergar um pouco de esperança. Um pouco de chuva e um pouco de vento ...
Das lojas, vitrines com televisões antigas à venda, toca discos e vídeos cassetes. Charutos em caixas de madeiras, lacradas com um selo de garantia e originalidade. Optei por charutos individuais, saiu mais barato 7 charutos unitários do que uma caixa com 5. Os melhores: Cohiba, Romeo y Julieta, Partagas, H Upmann, Monte Cristo... O mais caro e o mais forte: Cohiba (charuto preferido de Fidel). Trouxe essas marcas. E uma caixa de Monte Cristo que parece um livro.
Há aqueles que vendem charutos clandestinos, não têm marca e saem pela metade do preço. Um pacote contém 10 charutos. Porém você não sabe se é tabaco, se é folha de bananeira, se é bosta seca de vaca... 
Uma chuvinha fina batia no telhado daquela tabacaria, como se quisesse me avisar: ' ei se manca, vá embora!
O cansaço bateu.  Mas havia silêncio, tranquilidade. Cuba é uma paz que se sente. É uma paz inventada.
Fui então, para um hotel na beira da estrada. Árvores e pássaros, aquilo tinha clima de aconchego.
Uma carta em cima da cama, dando-me boas vindas. Uma folha de caderno cheia de desenhos à giz de cera e as palavras, à caneta. (Trouxe comigo, achei aquilo tão familiar).
Uma sopa, uma cerveja, um livro, um banho e um dia que já se tornara noite. Uma leitura na piscina e fiz um carinho em mim mesma lendo aquelas saudosas palavras de Ernest. Mas nesse  dia, a solidão me encontrou. Estava ali, eu e um livro a beira de uma piscina,a beira de um colapso. O drama veio em forma de frases - escrevi três frases no meu caderno de anotações: 1ª- eu tenho sede; 2ª - eu estou aqui e 3ª - eu sinto saudade...
Hoje, já não sinto sede e nem estou mais lá... Mas continuo com a saudade. (saudade criada por uma escolha temporal - saudade de coisa ainda não vivida, mas já sentida - de se ter a pura felicidade, a mais verdadeira de todas)