domingo, janeiro 23

Expedição Cuba - PaRtE 9

Os caminhos já foram percorridos... O destino finalizado... O tumulto termina... A grandiosidade se inicia...
Muito embora tenha chegado ao fim dessa expedição e de volta à Havana, eu ainda precisava descansar. Não fui à  Cuba pra deitar numa rede, segurando em uma das mãos um copo de mojito e a outra levada ao chão, fazendo o balanço leve, vai-vem. Fui à Cuba para, pura e simplesmente sentir. Desde aquela brisa na sacada do quarto em Havana até aquele cheiro de charuto pelas ruas - Che caminha e dobra às esquinas. Mas eu precisava descansar. E fui até Varadero pra isso. (próximo post)...

De volta à Havana e tudo muito diferente. Aquela gente não mudou, nem os carros e muito menos as calçadas. Mas a minha percepção mudou. Eu mudei. E tudo mudou. O mar me encarava, coisa que nos primeiros dias não. O hotel já não era tão vazio e enorme. O elevador já não me metia medo. Soube chegar ao quarto, como se estivesse em uma linha reta. Sentia-me em casa. E ligo a TV e mais governo. Fidel, com uma voz cansada e falha pôde me informar alguns capítulos de seu mais novo livro. Não hesitei, fui às ruas e comprei por um preço: 25 cucs. "Tudo tem seu preço". Últimos passeios em Havana e dessa vez optei pela bela e extraordinária natureza. A montanha, as grutas, as pedras... Queriam nos mostrar uma bebida típica, com valor calórico substancial e quando gelada, dá excelente sensação de frescor. Caldo de cana! Só esqueceram de oferecer pastel!!!hahaha
Conheci duas brasileiras e isso é motivo de comemoração. Muito raro conhecer brasileiros nas minhas viagens. Duas queridas e simpáticas aventureiras. Duas que  vieram pra somar. Pude desfrutar da companhia e pudemos observar juntas. Dessa vez tive com quem compartilhar. Bebemos piña colada no almoço... "Sacamos" fotografias... Miramos o horizonte... E a chegada do "adeus"... Que nada, pelo delicado da vida e destino, ficamos no mesmo hotel... Mesmo andar!!! E ainda teríamos uma noite toda pela frente.
Exaustas, chegamos no bairro do hotel,  compramos bebidas para uma noite quente cubana. Mesmo ainda sem definição do que fazer, mas já tínhamos as bebidas! 
Fui a primeira a tomar banho e corri pra minha sacada, e estava lá , o sol avermelhado dando adeus e uma rua vazia recebendo a última luz do dia.
Corri pro quarto das meninas, trocamos excelentes ideias de tudo que é tipo; gosto; sexo e religião... Mesmo com aquela cerveja quente comprada a poucos minutos, saboreamos como se fossem as últimas latinhas de Cuba...
Fomos pra rua. Chamamos um táxi, destino: Forte. Pela noite  há um ritual em que homens disparam o canhão. Esperamos até o fim. E lá do alto a vista era coisa de cinema. E o calor não combinava com a vontade de andar por aquelas passarelas por detrás a uma muralha...
A noite não poderia acabar por ali. Sentíamos a necessidade de comemorar ou de despedir de alguma coisa. Sim, eu estava de partida. Dia seguinte, desfrutaria do mar caribeño, enquanto que elas, das ruas calientes e misteriosas de Havana.
Chegamos ao hotel, logo na entrada há um cartaz com toda a programação da noite cubana - de segunda a domingo. No último andar do hotel há um bar-show. A felicidade foi saber que, teríamos mais um tempo juntas. Corri ao meu quarto, troquei de roupa -claro! Um show cubano pediria um modelito mais leve, solto. Um vestido a la cubana! Bebi minha última latinha e fomos! Apesar do ambiente hostil totalmente "gringo", três brasileiras fazem o lugar.
Assim como em filmes, o bar apresentava características sofisticadas, em que o garçom se limita num círculo em que cadeiras ficam ao seu redor. (Como queríamos um mojito,mas o preço desanimava). Compramos! Brindamos! Comemoramos! 
Russos, muito deles! E nós três! 
Começa o show. Mulheres cubanas sensacionais, lindas e vibrantes. O som, a voz, o rebolado... coisa pra gringo nenhum botar defeito... E na cadeira dançavamos... Fechei meus olhos e toquei meus cabelos, sentia calor e a vibração daquele som. Algo se movia.. Era o teto, abriu como se fosse um pedido aos céus. E aquelas estrelas invadiram o espetáculo. 
Como de costume, em shows para gringos, a cantora desce do palco e busca algumas pessoas... Aquele seu vestido colado e um rebolado invejável, atravessa o salão buscando algumas pessoas pelas mãos. Aquilo seria divertido até o momento em que sinto uma mão suada segurando a minha... "Venga, venga" De dónde eres? Soy de Brasil! Aaaaiiii Brasil me encanta! Tienes que venir aca a bailar... Minha reação foi olhar para trás e minhas amigas brasileiras falaram uma só palavra junto àquele olhar de aprovação: Vai! 
Talvez a cerveja quente, mais um mojito aos olhos da cara, fizeram-me acreditar que, eu poderia dançar como as cubanas. Se foi igual, eu não sei. Mas que dancei até chão, dancei!
Esses foram os dias em Havana... e o fim se aproxima. Malas prontas para el Caribe!!!! 
Até amigos. Próxima e última parada, Varadero!

sexta-feira, janeiro 7

Refém da solidão


.Um raminho de manjericão fresco e uns botões de rosas falsas dão graça ao ambiente hostil que me encontro - um arranjo do meu desarranjo - uma mesa simples porém arrumada (curto isso)
..Antes de escrever e moldar o final da  história - minha e a de Cuba pelos caminhos percorridos e conquistados (" A experiência individual não vale de nada se não for compartilhada" - frase do Tio None), devo admitir uma falha, um refúgio, uma solidão - essa, vem, vai, passa, arde o peito, aperta o coração... Mando uma música...

Estava aqui dando alguns toques e retoques da próxima trip (Europa) mas lá vai, não aguentei e...
Mas não dizem que é na ausência que se constrói a saudade... e também que a saudade não é o tempero do amor??! Eis então música de Paulo C Pinheiro - Refém da Solidão


Quem da solidão fez seu bem
Vai terminar seu refém
E a vida pára também
Não vai nem vem
Vira uma certa paz
Que não faz nem desfaz
Tornando as coisas banais
E o ser humano incapaz de prosseguir
Sem ter pra onde ir
Infelizmente eu nada fiz
Não fui feliz nem infeliz
Eu fui somente um aprendiz
Daquilo que eu não quis
Aprendiz de morrer
Mas pra aprender a morrer
Foi necessário viver
E eu viviMas nunca descobri
Se essa vida existe
Ou essa gente é que insiste
Em dizer que é triste ou que é feliz
Vendo a vida passar
E essa vida é uma atriz
Que corta o bem na raiz
E faz do mal cicatriz
Vai ver até que essa vida é morte
E a morte éA vida que se quer
PQP! Essa música diz tudo ou engana tudo! nota 10
Até amigos