terça-feira, setembro 18

As verdades que sejam (mal)ditas


Às vezes não encontro palavras certas que possam extrair todas as verdades; isso não quer dizer que fujo com a obrigação dos esclarecimentos. Sobretudo a minha omissão em palavras se torna um somatório de pensamentos que fazem a minha cabeça pesar...

Ás vezes completar trinta anos de idade é muito mais reflexível e generoso do que encarar as mutações de idades anteriores;
Aos vinte encarei mudanças, entretanto sem mais aquele complexo de inferioridade. Dai que tive a sensação de que a vida era pra ser vivida e que o amor seria o começo de todas as coisas. 
Logo fui me enchendo de sonhos, aspirações e de inspirações - minha vida era farta. Das grandes aventuras misturadas com coisa pequena. 
Verdadeiramente buscava o amor e a simplicidade. 
Foi ai que descobri que intensidade contamina, que ansiedade transforma e que amor demais desanda. 
Da mesma proporção da dor, sobretudo eu ainda tinha amor. 
Mas as descobertas não paravam de chegar; das mudanças do que posso chamar de conquistas; das aventuras muito bem exploradas; das falhas e derrotas entendidas... da compreensão de que o melhor é ouvir muito além do que se falar. E que amor e respeito andam juntos - enquanto um você conquista o outro, mantém-se.
E aos vinte e seis, nem mais e nem menos - das perdas e ganhos - dos erros e acertos - dos acúmulos e vazios: eu ousei! 

E se ainda me faltam as verdades, que ao menos eu soube ousar, por pura definição ou vocação!


Até amigos com mais expedições... 

sábado, julho 28

Próxima parada...


Viajar? Para viajar basta se perder... Eu sempre digo isso quando, ironicamente meu forte não são os mapas; muito embora tenha-os em mãos. Mas não os domino. Tá, tudo bem,excessão para os mini-mapas entregues nos albergues ou em hoteis e os do guia de viagem Lonely Planet... Odeio abrir os mapas em ruas quentes e movimentadas; odeio mais ainda a seguir exatamente àquela direção grifada a caneta. Não que eu seja displicente ou imprudente; prefiro as placas e as pessoas. Sim! As pessoas sempre!  
Não sei o que seriam de minhas viagens se não tivessem, no mínimo - pessoas! E olha que muitas das vezes viajo sozinha. Sozinha? O bacana é saber que, naquele exato momento e no exato lugar, tem sempre alguém buscando além dos mapas e um esbarrão pode acontecer...

Foi ai que resolvi fazer diferente nessa trip desse ano - além de procurar os lugares, por quê não pessoas antes mesmo de viajar? 
Entrei então na rede dos Couchsurfing - CS, um ambiente em que trocas de experiências e dicas de viagem vão muito mais além quando não só se abrem os mapas, mas também a porta da sua casa. Já os recebi e tive boas trocas... 
O destino da vez será fragmentado em partes delicadas e sutis - Espero por muitas vibrações e acolhimentos. Turquia - Grécia - Itália - Barcelona - Porto
Não espero por muitos episódios, mas sim por sensações. Não espero o tempo e nem o espero por muito tempo. Eu apenas espero por dar sentido sem se perder nos mapas...
"...a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir" Fernando Pessoa

Até amigos, 

Contarei meus passos se os casos ao acaso acontecerem.

quinta-feira, abril 12

Enfim, um lar!


Há àqueles que ainda duvidam, acreditem eu também muito já duvidei...
Sempre dizia que minha vida e minha base segura cabiam dentro de uma mochila 60L Quechua.
Apenas precisava de um bom e velho par de tênis Timberland e uma mochila com tudo que é mais valioso - minha felicidade. Porque tudo se torna fotografia e lembranças suaves que me fazem caminhar; e sempre caminhar...
Desde novinha sentia na pele a responsabilidade da palavra "mudança", mudei-me 3 vezes com meus pais e irmas mais velhas...masss
Fevereivo de 2007, eu arrumava duas malas: uma pra Machu Picchu outra pra vida nova. Sim, eu encaro mudanças da mesma forma como abro meu passaporte: adoro virar as páginas.
Já no 3º periodo de faculdade consigo a vaga de estagiária, minha primeira e única vaga. Só podia estufar o peito e me orgulhar de mim mesma: adeus casa dos pais! Foi ai que aquela adrenalina de subir as montanhas rochosas do Peru voltou com um frio na barriga de subir no elevador de um pseudo-novo-lar.
Dai que me deparei ao meio de uma cidade "grande" e com 6 mulheres totalmente diferentes e unificadas por um mesmo espaço. Dividíamos matemática financeira em momentos de garfadas numa cozinha de chao vermelho. Haviam dias de literatura e sardinhas... Definitivamente mau sabia cozinhar macarrão estantâneo.
Era a mais pão dura da casa, todo dinheiro do estágio era guardado para possiveis viagens futuras, sim muito bem investido! Cinema? Apesar de morar na mesma calçada, meu orçamento permitia 1 bilhete por mês. Pipoca? Não, isso meu orçamento não permitia.
A economia foi quase que vício, o essencial e necessário, tornaram-se bases curtas e calculáveis custe o que custar.
Dai que veio oportunidade de trocar de "pseudo-lar" e fui para uma casa. E de novo arrumando duas malas: uma pra Bolívia e a outra para um novo quarto na casa das 7 mulheres. Pude escolher o novo quartinho, assim como definição, pois eu quem conseguira a locação. (amizade do Sr Ailton - rapaz de 60 anos, muito mallhado e que pintava o cabelo) . Fiquei no 2º andar, assim teria uma janela em que poderia colocar meus cactos. Mas a companheira de quarto não gostava de plantas, muito menos da minha humilde decoração. Mas eu gostava dela, ainda gosto.
E foi assim por um curto periodo em que não me lembro muito bem, mas sempre em 7.
Dai que, por ocasiões descabíveis, um outro belo dia chega e eu venho a decidir: vou me mudar!
Juntando oportunidade de trabalho mais um "pseudo-casamento", fui.
Dai que me deparei novamente arrumando duas malas: uma pra Itália, outra pra "pseudo-casa-nova". A vontade desesperada de cruzar o oceano e ver minha irma que vive em Roma era tamanha que por um tempo a segunda mala ficara intacta, sem tirar nem por nada nela...
De uma viagem a outra deparei com a má inquietude do meu ser. Ou será que esqueci que toda minha felicidade cabia dentro de uma mochila de 60L Quechua? Não! Uma voz dizia: você não pode parar, onde está aquela adrenalina de subir montanhas, donde estão os tênis velhotes de sempre?
E por ocasiões subsequentes, deparei-me novamente em um "pseudo-novo-velho-lar", mas dessa vez com 4 mulheres. Dai que arrumara três malas: uma pra Cuba, uma pra Portugal e outra para um lar bem mais aromatico e generoso. Sim, desbravei a cozinha da mesma forma como foi se perder na cidade de Leiria - Portugal e enjoar com o cheiro de fumo em Cuba.
E quando tudo parecia normal, ao natural... vem logo aquela aflição de coisa parada - eu explico: dependo de movimentos- e isso era bem visivel quando quinzenalmente fazia meu quarto girar, mas dessa vez dormindo sozinha, pude ganhar mobilidade. Ora um quadro na parede, ora uma fotografia no album... a cama? Essa ai rodou. Fui motivo de piada pelas 4 mulheres e por todos aqueles que nos visitavam.
Então, para que os movimentos pudessem sair porta a fora do quarto resolvi encarar a cozinha, daquele pequeno espaço pude me relacionar bem com o arroz e dai as receitas surgiam.
Mas meus movimentos se limitaram, mesmo encarando as viagens paralelas dai que desbravando 21 paises em sua totalidade, eu ainda precisava de mais mobilidade!
E como nossos movimentos são notórios, resolvi entao a procurar terapia. Loucura? Talvez buscar em mim mesma a solução para uma energia acumulada, uma bomba pronta e letal.
Até que as visitas à psicologa foram das mais engraçadas as mais interativas possíveis. Logo no primeiro dia eu quis expor tudo aquilo que pensava e tudo aquilo que me fazia como gente. Recebi logo um: calma! Vc voltará por aqui, fique tranquila, não quero saber tudo hoje. A vergonha me fez engolir seco. E a falta de paciência foi se transformando em grande admiração e amizade por aquela profissional que só sabia rir dos meus causos. E o dia chegou! Ela sabia que estava perto de acontecer "a mudança", mas não sabia até então, como me dizer:"você é assim e assim morrerá um dia".
Duas malas, pra variar: uma pra África do Sul, outra para um LAR! Como assim? Um lar?? fui pra África afoita pra conhecer o país e as pessoas da escola ao qual iria frequentar; mas voltei de lá e ai que veio a casaulidade formal de se receber a noticia com uma pergunta: quer se mudar?
E hoje estou aqui, escrevendo numa suposta sala com uma luz amarelada que me traz uma certa paz. Também hoje, acabo de montar a mesa de jantar com 6 cadeiras. Porque mesmo sozinha e em uma cidade completamente diferente ao qual vivia, eu ainda penso nos "pseudos-velhos-lares" e que hoje, sentada na minha mesa recém montada revejo fotografias, dessas entre outras mil sobre todos ou quase todos meus movimentos. Dessa tal felicidade que falei.
Mas há aqueles que ainda duvidam, eu sei. E ficarei aqui, nesse que posso chamar de Lar; mas já pensando em arrumar as malas - porque o barato do passaporte é poder virar as páginas.
Até amigos , próximo post contando sobre a nova cidade que cá estou e até quando não sei!

quinta-feira, março 22

As mulheres e a viajante

Sempre entre amigas, os assuntos são dos mais diversos possíveis aos mais fúteis do meu maior contragosto, mas que fazem parte dos encontros suaves entre: jovens mães, recém casadas, novatas na cozinha, avó segura de si e a viajante. Sim, enrtre elas, eu sou "a viajante", posso dizer que de primeira viagem quando se trata de muitos assuntos.
Acho engraçado porque, eu entre várias, sou apenas "a viajante". Para elas, sou daquela quem diz "Adeus" da mesma forma e espontaneidade como quem diz: "Ei, prazer, sou sua nova companheira de quarto". Elas também me acham louca, animada, boa de papo e vazia. De todos os adjetivos, o último me chama mais atenção. Pode parecer estranho, mas me excita as conclusões alheias.
"Você nao tem marido, não tem filhos, não tem endereço fixo, não pensa em contratar profissional do lar, não cria expectativa e ansiedade quando o assunto é "liquidação", não sabe nem o que é "escova marroquina", e essas unhas?? - Há quanto tempo não vê um esmalte? "...

Uma dessas amigas, a barriga estufa a cada dia, grávida de 5 meses é feliz por criar expectativas e desenhos de borboleta num quarto todo planejado.
Imagino que, na sala de parto terá a primeira foto postada direto pra rede social.

A amiga mais jovem e bonita veste roupa sempre um número a menor de seu manequim, sorridente fala com orgulho das gramas perdidas véspera de sua formatura.
De fato está muito bonita, mas quando a convido pra uma viagem, ela logo pergunta: Lá tem shopping?? Deve ser por isso que ela nunca quis viajar comigo.

A amiga que se diz "cozinheira" comprou três livros de receita e os devora todos os dias antes do maridão chegar. E fala com orgulho: - Eu o conquistei pelo estômago.
Ela é uma boa dona de casa, as vezes eu a invejo por ser tão dedicada. A recusa de experimentar seus pratos é como assinar sua própria sentença de morte, portanto só vamos em sua casa quando estamos com muita fome e disposição, porque miséria não é seu forte.

E amiga que aos cinquenta anos já é vovó e fica toda orgulhosa quando o assunto é o "neto". Para aquela senhora, o ser mais importante e poderoso do planeta é uma criança de 6 anos. E ela mau sabe que todas as pirraças daquele moleque vinha dos seus cuidados exagerados.

Talvez eu esteja errada, mas se é assim que sou para elas, então prefiro continuar como "a viajante".
Posso não ter marido, que direi namorado, mas como diz Joel, um grande amigo português: Ora gaja, antes só do que mau acompanhada, pah.
E por quê é tão horrível ainda não ser mãe? Não sou daquelas que sonham com vestido de noiva, jóias e quarto rosa ou azul pra bebês.
Do meu casamento se possível ao ar livre, pés descalços, pisando firmes no chão, longe de sermão e bajulações alheias. Das gestações, jamais saberei o sexo até o último dia, pois sem dúvida prefiro perder horas e horas conversando com ele\ela na barriga, aprendendo e enfrentando as mudanças da vida do que ter dor de cabeça ao pensar na cor da parede que tem que combinar com a almofada do sofá rosa.

Mas que, sempre entre amigas, os assuntos serão diversos...

*escrevi esse texto e com ele essas mulheres. Não as conheço, mas acredito que, cada uma as tem dentro de si.