sábado, maio 29

E que se escorre pelas mãos

foto tirada no Salar de Uyuni - Bolívia (uma única mão feminina é que tem um anel  - a minha!)

...Foi quando silenciamos pq  as piadas e desabafos já não valiam mais... sentamos ao chão todos juntos, mostramos nossas  mãos e nos apoiamos. (Saudade amigos e obrigada pela reflexão na Bolívia, uma viagem de descobertas... vide posts antigos (...)

... Deve ser por isso que gostei tanto do seriado "Lost", não só pelas viagens à lugares sensacionais, mas pelas viagens "paralelas" de cada um em torno de si.
Gosto de misturar o passado (pela pura nostalgia que me causa) com o presente-futuro ( pela nudez de um sentimento ainda desconhecido)...
Gosto de dividir palavras com certas imagens. Porque se existe inspiração, admiro minha própria arte presa e eternizada em fotos.
Gosto de pensar que a minha maior construção humana se fortalece a três pilares (o erro, o sonho e a esperança). Um erro longe de ser fatal, um erro que foge de cálculos e previsões, apenas erro! Erro que se apóia na esperança e que, por sua vez se fortalece em sonhos. Eu preciso acreditar nessa arquitetura, ela é a minha base!
Gosto de idealizar as mudanças e acreditar no futuro. De saber que o medo existe, mas que tb existe a coragem de enfrentá-lo.
A vida tem graça! Da graça que se (ex)põe num papel, da graça que te (des)encanta e da (des)graça que se causa entre perdas e ganhos. Depende de quem vê e a posição que se vê. Simples assim!
Já não depende de mim a sua compreensão. Já não depende de mim a minha própria conclusão. Pq hj sou assim e não será assim que morrerei um dia. E se tiver conclusão, que essa seja com prazo de validade, desses que expiram com o calor do ambiente. E que não dependerá de mim.
Se existe eternidade que ela seja reinventada, assim como escrevemos uma carta. As palavras se eternizam mas o significado delas não. Depende de quem e onde se vê. Tudo (se) depende. E alguém ainda duvida da lei de Lavoisier: "Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma."
Mas eu tb gosto de pensar em transformação, gosto daquele frio na barriga quando o assunto é incerteza.
Mas não depende só de mim, pq o que dependeu já escorreu de minhas mãos... 

Música Lulu Santos :

Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...

Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...

Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...

*Um desabafo para mudanças que venho sofrendo no trabalho e na vida

domingo, maio 23

Expedição São Paulo - PaRtE 1

saboreando as cores no mercado
(Um ano que escrevi sobre Sampa, volto então com o mesmo post pra dar continuidade a essa Expedição. Motivo: além de força maior, algo me impulsionou... ;) Enjoy us )
Um fim de semana frio, meio nublado, p q não passear em Sampa?
São desses passeios que valorizo, convites como esses são dignos de um SIM sem pestanejar...
Uma confusão de carros, gente, apartamentos, ruas, comidas... uma grandiosa cidade!

Bela, intelectual, cheia de história, sentimental, romântica, inspiradora de vários músicos, moderna, séria, extrovertida, profissional, casual... Afinal, o que define São Paulo? Não conseguiria definir com exatidão o que representa uma das megacidades do mundo. E tb não conseguiria definir o que ela apresenta para o mundo. Minuciosamente desenhada por multinacionalidades, um verdadeiro "samba do crioulo doido": culturas, crenças, formações e ideais. A grande metrópole bandeirante é cosmopolita, por vocação e adoção. Estas e outras tantas faces estão presentes na arquitetura dos prédios, nas ruas, no paladar de suas sugestões gastronômicas e trejeitos de uma gente que não para, essa foi a minha sensação.
Destaco a cidade por abrigar um complexo cultural brasileiro beeeem significativo. É ainda uma das capitais internacionais da gastronomia, destino fixo de grandes eventos, feiras e exposições mundialmente reconhecidas, entre outras tantas referências. Já foi palco de acontecimentos marcantes que envolvem desde as margens do Ipiranga, passando por revoluções políticas, culturais e protestos em favor da democracia. Uma correria nas calçadas uma lentidão nas estradas... gente, carro - tudo se encaixando nessa mega estrutura poluidora :(
A Igraje da Sé é única... a estação da Luz é ampla, cheia de história. E a Ipiranga com a Av São João?? só podia terminar em música, né! E o mercado? O pão com mortadela - e.n.o.r.m.e! e o bacalhau pendurado?? Sampa vc é bela dentro de suas proesas!



caetano traduz algumas coisas, subliminarmente, claro:
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas...

sábado, maio 22

Expedição Goiás - FiM

flores do cerrado, lindas!
...A espada de São Jorge cutucava minhas ideias pela noite...
Corpo cansado, sem armas e armadilhas deitei com uma ligeira impressão que ainda precisava fazer algo. A coberta ficou ao meu lado, pq não tive forças para me ajeitar em seu meio. Mas mesmo assim sentia que ainda precisava concluir alguma coisa... O que seria? A janela batia e aquele vento arrepiava minha espinha, mas não tinha forças pra levantar e forçar os músculos do abdômen para fechar aquela maldita janela. E ainda sim, sabia que alguma coisa devia fazer... O barulho da TV já nao me embalava, já me irritava isso sim... mas não conseguia abrir os olhos e procurar o controle. A TV ficara ligada a noite toda. Mas ainda sim, meu Deus, eu sabia que teria algo pra fazer... O que seria? Fazer, sentir, tocar? O que seria? Não queria mais pensar, mas isso ultrapassava a qualquer força de raciocínio, era mais forte do que minha própria pele seca. Era surreal!
Não sabia o que era... Um aflito e um coração amargurado tocados pelas cordas de uma viola. Minhas lágrimas foram como pedras preciosas da ilusão... Batia uma saudade triste, no reverso inevitável da solidão. Meu Deus, eu existo! (...)
(...)Dia seguinte corpo pronto pra encarar o último desafio, os Cânions e mais um mergulho à cachoeira.
Acelerei no compasso da trilha, achando que o tempo passaria depressa e assim, poderia descansar meus pés sobre alguma sombra de uma figueira...
Os dias foram assim, as noites assim passaram! Libertei minha alma, meu espírito se elevou e conclui que o que mais precisava fazer era uma oração a mim mesma. Um corpo fatigante, tenso e solitário, só assim pra perceber que sempre serei eu mesma, mas com a certeza q nunca serei a mesma pra sempre. (Já dizia Clarice Lispector)...
(...) E pela noite, nada de forró ou música do Santo. Fui à Alto Paraíso, uma cidade mística, onde provei um suco de Cupuaçu (esquisito, parecia leite cremoso)...
Lá existe "algo" fora do comum, um quê de magnetismo, talvez pelos cristais do subsolo que favorecem na meditação e te levando a um contato com Ser maior. O lugar se torna ideal para os que querem desenvolver seu lado espiritual e qualidades sutis, como: sentimentos de paz interior, amor, união com o infinito, sabedoria e leveza...
Depois que fui à Machu Picchu (Peru) nunca mais fui a mesma e agora, com São Tomé das letras (MG) e Alto Paraíso (GO), de fato, já não sei mais quem sou! Valeu muito a pena, inexplicável!
Volto dessa viagem com a sensação de que muita coisa ainda estar por vir, muitas boas coisas ainda virão! Pelo menos quero sempre achar que coisas boas estão presas nas viagens que faço, sendo armadilhas pra minha alma não conseguir escapar (nunca)!
Até amigos, com mais expedições, dessa vez cultural, urbana e "pouco civilizada", São Paulo.

quinta-feira, maio 20

Expedição Goiás - PaRtE 4

tirei essa foto na igrejinha da cidade - São Jorge GO
Salve Jorge...
Depois de um dia inteiro de caminhada volto ao vilarejo de São Jorge e vejo uma pequena movimentação. Eram pessoas decorando a única e simbólica igrejinha e limpando as ruas com vassouras feitas de pau e folhas de árvores amarradas na ponta... Achei tudo aquilo muito normal, pois afinal seria uma noite de lua-cheia e já era de se esperar um forró  por aquelas ruas iluminadas por velas e lampiões... Absolutamente normal  esse tipo de movimentação tb, quando se trata de um vilarejo no meio do nada e que TV e internet por lá é coisa de "gringo"...
Vou para o albergue, considerando-me um trapo caindo pelas tabelas. Consigo entrar no banho, sentindo-me indefesa diante daquela água pelando... Assim me senti, assim então me entreguei... não tinha força nem pra levantar as mãos e me esfregar, muito menos lavar os pés... Mas a medida q água ia caindo, uma música surgia láaa do fundo,  e com esse "tom" musical que fui me acalmando, melhorando... até que escutei um "Salve Jorge"... Termino meu banho, como se tivesse entrado na "fonte da juventude" coloquei meu all star e fui atrás dessa cantoria.
Aquela igreja enfeitada, aquela gente animada, aquela criançada se divertindo com fogo, aquela cachorrada latindo e aquela bandeira do Santo. Descobri!!! Era dia de São Jorge! (veja meu video: http://www.youtube.com/watch?v=-CvL3DDYdtA)
E lendo sobre Ele, até que achei interessante: nada mais é do que a força de Deus na  luta dos excluídos e marginalizados da sociedade.
E na marcha ao Santo tinham: bêbados, famintos, crianças de pé no chão, hippies, idosos e mochileiros, todos juntos num mesmo compasso na mesma distração. Demos uma volta à cidade e depois  fui dormir. Aé porque dia seguinte outra caminhada e eu já pedindo forças ao Santo...
"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal...."
A igreja da vila. Eu acho q as missas são celebradas na rua!(se a fé fosse medida pelo tamanho das coisas...)

quarta-feira, maio 19

Expedição Goiás - PaRtE 3

Pôr-do-sol em Goiás
Voltando à Chapada:
Nada de bebida, drogas, muito menos de sexo! O lance foi ficar "chapada" vendo de perto o mais alucinante espetáculo da natureza!
O passeio sempre começava agitado, 6 horas mato a dentro... Mas fiquem tranquilos, além de relaxar nas cachoeiras das trilhas, a noite a programação é bem light. No centro de São Jorge há instalações como: barzinhos, botecos, restaurantes simples, porém tudo e todos bem acolhedores. Sempre ia na pizzaria do italiano, ótima pedida, pois carboidrato era uma coisa q nao podia faltar... Pela mañha um delicioso café no albergue, eles faziam o´próprio pão... hummm delícia! (...) Bem alimentada começo, então as jornadas...
Rios que com seu trajeto deram formas as pedras... Das cachoeiras deslumbrantes, gélidas e límpidas ecoaram com agressiva vontade, marcando com bravura seu território...
Digo tudo assim, solto, rasgado, sem pé nem cabeça, pq esse é o mistério da vida! E há quem entra em êxtase, eu!
Não que eu despreze cidade grande. Não! Curto cinema, gente, bar, internet e carona (como é bom ter uma carona). No entanto, decido por lugares incríveis, exóticos e esotéricos... a natureza me proporciona tudo isso junto ao longo dos dias.
Prefiro abraçar uma árvore do que um poste! Prefiro a cantoria dos pássaros do que das buzinas. Prefiro mais ainda: uma mata fechada do que uma "selva de pedra" e tb não dizem que tá cheio de "leão" solto nas avenidas??? Prefiro então o leão arisco do que o "domesticado"...

Não vim aqui falar de predileções, muito menos fazer comparações. Ando tão a flor da pele que o que mais quero, além cama, é poder abrir a janela do quarto, respirar fundo e dizer: Mais um dia! Devo agradecer? rs
Fiquem com as imagens de um puro lugar, sabe lá até quando será assim...

segunda-feira, maio 17

Falha no despertador ou no despertar?

Ah o descanso!
Quantas horas de sono vc precisa? 
Porque tudo se termina na cama. (...)
Só precisei de um dia pra cair em tentação.
Só precisei de hj, segunda-feira pra pensar em nada, tocar em nada e poetizar esse nada!
Não falo de férias, feriado ou folga laboral. Falo de um dia, apenas um dia em que resolvi deixar o "mundo inteiro acordar pra eu dormir". Uma indisposição, cansaço e enjôo fizeram com que às 6:30 hs eu abrisse os olhos como de costume pra desligar o despertador... mas voltei a dormir. Sem piedade. Virei-me pra não ter a certeza de que lá na janela o sol do outono se levantava em mais uma segunda-feira. Virei-me para dentro da cama, assim com a certeza de que o dia não começaria pra mim.
Ligo ao trabalho comunico minha ausência. Mesmo sabendo que a papelada se acumula e que talvez amanhã nem tenha tempo pra o almoço...
Mas hj eu continuei, fora de um ritmo rotineiro, continuei na cama e acreditando que sonhos pudessem surgir enquanto se passavam das 7:00hs.
A ansiedade cortou meu enjôo... e o sentimento de culpa me fez abrir os olhos novamente... Mas não, hj não dava pra mim.
E voltei a dormir, como se aquela cama fosse a defesa de qualquer problema semanal. Como se ela fosse minha maior armadilha para o acaso e a fraqueza... e como se ela me apoiasse para  eu não continuar aonde havia parado. 
Porque além de ausência, silêncio e vazio... meu corpo tem paz, muita paz! E eu só divido com minha cama. E ela me espera: fria, calada e desarrumada... mas é a minha, um leito que me envolve como ninguém.

domingo, maio 9

O que mãe fala, (não) se escreve

(...já já volto com expedições)
...Porque quando ela me fala, ou é tarde demais ou, para algo que nem aconteceu. Mas fala.
Mãe é assim. E já me falaram que, ser mãe é nunca mais dormir profundamente, principalmente nas noites de sábado. Ser mãe é: preocupar-se demais com o de menos.
Mãe nunca deixará de ser, pq se o eterno existe, ela é a representação máxima.
Como pode uma palavra tão pequena ser digna de respeito e paz? Já diziam tb que, a palavra curta ´seria uma forma mais fácil pra que nós a chamássemos a todo instante com apenas a sonoridade: "mãããaa". Ela vem!...
Mas ela já deixou de vir. Já não me atende e nem menos se lembra do meu remédio pra dor de ouvido.
E ela já deixou de falar,de me alertar, mas continua criando histórias: se eu ligo já pensa logo q estou doente, ou se eu choro já pensa logo que terminei meu relacionamento. Tragédia faz parte do seu dia-a-dia.
Ela não separa mais minhas roupas como antigamente.(Adorava vê-la colocando meu uniforme escolar em cima da cadeira que ficava ao pé da cama)
Ela tb, não prepara mais meu achocolatado de todas as manhãs, sacudindo a mamadeira com uma das mãos e na outra servindo o café ao meu pai. (Nunca entendi como ela fazia aquilo, achava minha mãe parecida com a malabarista do circo q estava na cidade)
Ela não deixou de ser mãe. Meu Deus, ela só quer me mostrar que cresci.
Mas, mesmo assim muita coisa não mudou, pois o ontem continua nas ações de hj, quando ela fala/falava: cuidado aonde pisa; cuidado nas ruas; não dê ouvidos à estranhos...
Juro, que tentei! Sou frustrada ao falar que, dos cuidados que fui alertada, só me preocupei com o de atravessar as ruas. Se eu prestasse mais atenção no que ela sempre me dizia, talvez hj teria menos... bem menos problemas, frustrações e carências. Ela bem que tentou me avisar.
Mãe, agora sei o que é conviver com noites mal dormidas... te faço companhia, posso?

quinta-feira, maio 6

Expedição Goiás - pArTe 2

conseguem me ver no canto esquerdo da foto?


Primeiro dia de passeio... "pernas pra que te quero"... Quem curte natureza pra relaxar, não encare a Chapada dos Veadeiros como refúgio... Mas pra quem curte natureza pra se enfiar mato a dentro, se perca nas cachoeiras , no cerrado, nas biodiversidades... revoada dos papagaios, pôr-do-sol. Isso é quase um poema. Por isso uma bela de uma caminhada na Chapada, vale muito! 6 horas de trilha, contando ida e volta... e dei uma parada pra curtir Manoel de Barros. Não, nao o levei em forma de versos nos seus mais delicados livros. mas o tive no ar, como brisa e a todo momento. Deve ser pq ele tb se entrega aos encantos do ser vivo natural, e pra ele a beleza está nas árvores! Isso pq elas sabem do espaço q se é compartilhado nesse mundo, diferente da gente (de gente).
O único espaço que conseguimos compartilhar é o da calçada, mesmo assim preferimos por passar batidos olhando pro chão com a ridícula desculpa de se ter pressa, muita pressa.
Pressa de passar a perna n'outro, pressa de se esconder, de cobrar uma dívida (mesmo sabendo que no passado te ajudaram muito) e o pior, pressa de se libertar dos próprios problemas (mesmo sabendo que tem alguém muito mais fodido que vc).

Que fico com as fotos, a beleza fala por si.... e a hipocrisia cala por só!
Aé amigos com mais caminhada,