domingo, novembro 21

"November rain"

Sexta-feira, dia 19 de novembro organizei minha agenda de trabalho pra semana seguinte. Como de costume. Até coisas pessoais lá contém: depilação na sexta, drenagem sábado... Não, minha agenda não é eletrônica, dessas que avisam sua ausência, sua tarefa mais importante do dia... Dessas que com apenas um click, apaga-se tudo e se põe a fazer um novo, tudo de novo. Uma agenda de papel reciclado com uma foto de uma tartaruga marinha. Essa é a minha agenda! Nas reuniões, ela também se encontra presente. Enquanto todos têm suas anotações em agendas profissionais ou coisa parecida, eu jogo sobre a mesa minha agenda de papel reciclado. 
Mas, nessa sexta-feira, dia 19 de novembro, adianto três páginas e vejo já escrito: "Meu aniversário". Aviso a mim mesma desse dia. E já estava lá, desde o início do ano quando escolhi uma agenda com papel reciclado. 
Segunda-feira, dia 22 de novembro: "meu aniversário".Está lá escrito por mim mesma. 
E no calendário faço um círculo nessa data. 
Porque é inútil, mas me dá a sensação de dever cumprido.
“A felicidade exige paciência: é soma, acréscimo, conquista e aperfeiçoamento.”

Do you need some time... on your own
Do you need some time... all alone
Everybody needs sometime... on their own
Don't you know you need sometime... all alone   (November rain - Guns N' Roses)

quarta-feira, novembro 17

Expedição Cuba - PaRtE 5

Camilo Cienfuegos e Che - museo de la Revolución -Havana
... Os dias em Cuba foram assim: cheios, contrastantes, desafiadores e culturais...
A oportunidade de encarar o desconhecido e, preparar-se para uma viagem  que ao qual, proporcionará um "caminho sem volta" é como abrir pela segunda vez, aqueles velhos livros de história.  Aqueles mesmos livros que achávamos exaustivos em demasia. Aqueles livros repletos de datas, fatos e acontecimentos.  Livros que não faziam sentindo algum diante de uma sala de aula com 45 cadeiras cheias. Cheias de mentes vazias e ouriçadas pela puberdade. E pela segunda vez abro os livros e, deparo-me com a vida! Sim a história pulsa como uma única molécula no planeta. Quero ir atrás desse pulsar... Quero fechar os olhos e sentir minha alma latejando de vida e, rodeada de história...
...
Mais um "desayuno" e cada vez mais "solto", menos tímido. Já não sentia mais a solidão. Além da cadeira vazia que me acompanhava com uma xícara virada pra baixo e um guardanapo dobrado de forma impecável, tive também companhia de pessoas. Um casal árabe senta-se a duas mesas da minha, um casal alemão pede omeletes como o meu, recheado de tomate e cebola, outras pessoas que se sentavam sempre no mesmo lugar. Involuntariamente eu também me sentava no mesmo lugar todos os dias. Aquilo já fazia parte de mim, éramos uma família: eu, a cadeira e as pessoas. Já acordava com aquele sentimento de revê-los...
Fui então ao museu - isso requer tempo. Não que eu seja detalhista ou uma chata que só pensa em quadros, livros e esculturas fixados dentro de um espaço velho fedendo a mofo. Não mesmo. Já viajei a lugares que nem se quer passava em frente a um museu ou algo parecido. E também, já fui a espaços culturais que não fediam a mofo e não tomavam meu tempo.
Mas é preciso. Sabia que aquele de Cuba seria diferente. O "Museo de la revolución" mostra quadros, livros, fotos, roupas e acessórios de um história perseguida pelo falso moralismo e detonada subliminarmente por uma sociedade viciada em revolução. "52 anos atrás, os irmãos Castro, Camilo e Che Guevara revolucionaram a cabeça de um povo, a grande massa." Essa gente quer mudança, talvez se Lula e Dilma estivessem por lá o "bolsa família" já não surtiria efeito. Acreditem, essas pessoas não querem "limosna"(esmola), elas querem uma outra revolução em pleno séc XXI. Muitos cubanos olham pra você como quem diz: somos iguais, mas por quê sou diferente?  Dai que conversei com um jovem cubano: "la verdad joven, es que tu piensas que nosotros somos todos iguales y tenemos las mismas oportunidades. Y, qué sé yo! Pero no. Tengo amigos que no tienen trabajo ni estudios. Hay paises que no gozan de educacion ni sanidad. Tu tienes poco, pero lo tiene todo."
 Não preciso traduzir esta minha frase , está bem claro que, aos olhos deles, somos perfeitos. Mas não os culpo, porque eles só têm contato com os turistas e alguns idolatram os "Yankees" - clique aqui. (eita viagem contrastante essa)
Com o Che no museu

Outros museus, poucos museus, mas há! Arte moderna, folclores, de música, até do chocolate... Mas falarei apenas de mais um. Não vim aqui pra passar por intelectual... Então cansei de museus, são mais legais ao vivo! Quero falar que o museu de "run havana club" cheira "pinga boa"... Vale a pena!
Além de museu da bebida mais popular de Cuba, aproveitei pra ir numa fábrica de Rum. Provei todos os estilos, sai de lá com a bochecha dormente.
...
Em Havana, das poucas farmácias que encontrei, existia uma "pharmácia" de manipulação. Os frascos são aqueles tradicionais de porcelana, as vidraças onduladas de uma vitrine com poucos remédios para comercialização. Gente quieta dentro, parecia respeitar um patrimônio. Uma antiguidade. Não me lembro de ter visto remédios, mas vi muitos instrumentos, algodão e potes clássicos, como uma cristaleira de casa de vó. (Adorei essa foto porque o vendedor da farmácia estava resfriado, ahahah)
Para muitos, a cidade fede! Para mim é a mais pura sensação de liberdade! O cheiro de tabaco penetrava na minha roupa, mais que isso, aquilo me dava vontade de experimentar o maior prazer cubano. O charuto.

Conheci o José, um cubano velho, que como todos os cubanos, aprecia um bom charuto. Ele aprendeu sozinho a lapidar este "diamante raro". José entrou para o livros dos recordes por ter feito o maior charuto do mundo. A coisa mais inútil que já vi, esse charuto fica lá, por cima de nossas cabeças, sem ao menos ser tocados. Isso é que chamo de "desperdício voluntário." Mas José é um "majo" cubano, conversamos e de repente ele se levanta, sem muitas palavras, oferece-me sua cadeira. Eu sentei. Ele faz um gesto com a mão (como quem diz: anda, faz um. Enrola um charuto ai). Fiz dois movimentos, de ida e volta com as mãos diante de um rolo de folhas, aquilo bastou para que meus dedos se impregnassem. Definitivamente, adoro cheiro de fumo...
... E pela cidade, mais fumo. Sem dúvida, mais cubanos!...
Momento prazeroso é aquele que, você encontra paz em alguma coisa. Fui a uma lojinha ao qual era impossível não admirar quadros coloridos. Sem dúvida tive dificuldade pra escolher. Enquanto estava presa a minha indecisão, o vendedor comia sua quentinha ao meu lado, tinha peito de frango, batata e uma farinha. Me deu fome... Fome de comer um pedacinho daquele lugar. Comi. Comi com muita vontade. Aquele quadro me alimentou. Hoje ainda enrolado no quanto do meu quarto. Está lá, esperando uma nova contemplação. (fiquei tão feliz por um quadro assinado. Feito pelas mãos de um cubano...)
Muita coisa e poucos dias... Sim, mesmo por um mês inteiro de viagem, seria pouco, muito pouco. É uma embriaguez rápida. Quando se vê, já está curada de uma pequena ressaca....
As caminhadas continuaram. O farol foi uma parada obrigatória , desde dia até a noite. Têm lugares que você se sente na obrigação de voltar. O farol foi um deles (já falo em outro post)...
Muitas coisas vividas e sentidas. E é assim que vou levando. E é assim que me levam... Um país envolvente... a cada esquina uma foto, a cada esquina uma vibração!!! Até amigos com mais Cuba!

sábado, novembro 6

O fracasso que (não) é compreendido

Roma- o dia em que me senti pequena( Catedral San Giovanni)
(no próximo post- continuação de Expedição Cuba)
...
Já ouvi e li tantas vezes: " Essa garota escreve sobre viagens" É um rótulo, esse que cola na testa.
Devo agradecer?  Na verdade, não! Não escrevo sobre viagens. Mas não se apavorem e nem me abandonem (dos poucos que seguem essa novela virtual), escrevo do perpétuo infinito e do fatigante desconhecido que as viagens me causam, escrevo! E até mesmo como se fosse "teletransportada" para um mundo fantasioso, um mundo colorido o de paz e paisagismo. 
Se o que escrevesse fosse cor, seria  o arco-íris, aquele que ao final esconde um tesouro, mas que só a mente pura de uma criança é capaz de enxergar;
Se a cada frase escrita fosse possível inalar... Sentiria um perfume, daqueles com fragrâncias  suave  e delicada de uma rosa. Quem sabe você descobre que não é de preço que se tem ótimos perfumes, mas da  quantidade certa de se impregnar;
Se a palavra tivesse vida, talvez ela seria uma pedra, sim! Uma vida imóvel, fria, triste, mas que o tempo faria o favor de lapidá-la;
E se cada parágrafo fosse uma comida? Seria o arroz e feijão de cada dia. Não venho aqui oferecer banquetes e ostentar a gula. Quero apenas saciar da minha fome, da minha felicidade por ser alimentada.
Do meu maior tesouro, carrego em sonhos! 
É como viver e reviver todos os dias. Preciso escrever, preciso de água, sol e liberdade.
Se o que eu escrevesse fosse um prazer, teria orgasmo múltiplo. Minha mente goza de liberdade e me empurra num precipício....
E se as palavras fossem como avisos e alertas? Seriam as dos trilhos de trem:  Pare! Olhe! Escute! ... 
Nunca saberei ao certo do que escrevo, mas continuo viajando...