quarta-feira, janeiro 14

Expedição América Central e México

tirei essa foto num bar em Honduras

Demorei, demorei pra entender que, tudo que vi e vivi, foi verdade e é uma verdade que martela nessa cabeça...
As semanas estão loooucas, corro de um lado pro outro, prometi que não entrarei em 2009 com pendências, nadica! (Falar com pessoas distantes (incluindo aquela doidinha que tá lá na Europa - mi hermana Fabiana), revelar fotos, reutilizar para rascunhos os papeis da minha mesa de trabalho, doar algumas roupas, mudar de casa (em breve), comprar um peixe ( cujo o nome é Talibã), pintar as unhas de vermelho ( e fui elogiada), tomar vinho com meu pai, sair com amigos, comprar o vestido pra minha formatura ( e como isso é difícil)...ser uma pessoa melhor em meio a rotina que me consome... e que tenho fome, fome de ver o bem e o bem nas pessoas!
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A minha viagem já começou... preparados?! eu não, quer dizer, mais ou menos (se houver pausas longas, sinal de que estou vivendo outras aventuras e que todas, um dia organizarei aqui, nesse mundinho fora da minha cabeça) Tenho dois mundos - o que vivo e o que revivo! Pois é, minha cabeça e esse espaço virtual!...

"Tati, vc é louca, desiste! sai fora dessa idéia, compra um carro, compra roupas..."
Me despedi da galera do trampo, meu coração nao estava entendendo muito bem, eu andava meio flutuando, abracei um por um e disse: Renato (meu gestor), eu volto, tá?! "Tatona (assim que ele me chama), eu te espero com muitas fotos".
Fui na casa de Rosana (minha querida segunda mãe e professora de espanhol). "Adiós querida, tu eres muy bandida... y que te vas bien!"
Fui jantar com meus pais num restaurante em Barra do Piraí (onde eles moram), senti um clima no ar , medo! Eu tb estava com mmmuito medo, mas não podia demonstrar, seria a partir daquele momento responsável por todos os passos e repassos de minha viagem... pois bem, minha! Dormi, dormi? Um pouquinho de claridade do corredor, conseguia olhar pra minha mochila fechada ( é mochila, vc ficará 1 mês por ai) Eu nao sabia pra onde iria, com quem iria, pra que iria... simplesmente iria! Nem esperei muito no aeroporto e aliás, Fabrízio, obrigada pelo carinho e apoio... Entrei e já recebendo, Buenas tardes! Sentei sozinha e pensei, caramba, ja vou começar essa viagem sozinha mesmo! Mas ai lembrei de fechar os olhos, unir as mãos e pensar: Senhor, aqui se inicia, aqui é começo! O desconhecido se aproxima! Sinto sua presença e que, essa seja a viagem repleta de experiencias e satisfações pessoais! Obrigada...

Através das pesquisas que fiz, na internet sobre a viagem, conheci algumas pessoas, mas eu nao conhecia ninguém que já tivesse viajado por essas bandas. Na verdade, não conheço nenhuma mulher que fez esse trajeto sozinha, como eu! Conheci muita gente, apenas 1 brasileira, mas somente no México.
Foi cansativo. Viajar por 30 dias de ônibus,Vans, carros e caminhonetes velhas em estradas não muito boas ( até que já vi piores) não é nada confortável, mas a aventura valeu a pena., tudo vale quando o assunto é: descobrir e redescobrir - eu me encontreiperdida em alguns lugares hahaha. Ao todo, foram 7 países. Só não foi possível ir a Belize pois fiquei com medo de me pedirem visto (não tinha). Então foi: Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, México.

As características principais do continente são: o clima quente e a mata exuberante (sendo mais preservada na Costa Rica e México) nas estradas, era uma coisa linda.
A música é uma constante. Em todos os veículos de transporte que me aventurei, Vans ou ônibus, sempre há um CD tocando salsa, merengue ou outro ritmo caribenho. Os ônibus são velhos e antigos, são os ônibus escolares americanos (em todos os países são assim , exceto o México, um pouco mais moderno).Alías eu defino Cancun como um país a parte, aquilo lá não é mexicano, é "gringano".
A comida, em geral, não tem muitas regalias, bem apimentada e acompanhada de tortillas (pães) de milho, cujo gosto não me agradou muito.
O povo em geral foi bem hospitaleiro,, querendo sempre puxar papo e saber pq eu estava ali e sozinha. A melhor receptividade foi na Guatemala e México e a pior, na Nicarágua. Talvez falte um maior preparo para o turismo. De qualquer forma, a viagem foi sensacional, amo td+ essas terras e nossos hermanos e recomendo para os aventureiros que gostam de desbravar novos horizontes. O conhecimento me fez comparar culturas e estilos de vida e refletir melhor sobre os problemas do nosso país.
Vi que a maioria das capitais da América Central tem alto índice de pobreza. O trânsito é caótico, as buzinas são uma forma de dizer: olha estou aqui! E o mais triste: são muito sujas, há lixo por toda parte.
Em nenhum momento tive insegurança e medo de um possível assalto ou algo assim, mas tomava cuidado, assim como em qualquer lugar do mundo, evitava sair sozinha a noite, as vezes chamava alguém do albergue pra ir tb...sempre fazia amizade com os taxistas e os deixava a vontade pra conversar, assim me sentia mais segura...Os banheiros eram , em sua maioria, sujos e fedorentos, os da fronteira piores ainda...vi muita crinça trabalhando, muita gente acima do peso, isso é o reflexo da pobreza!
As cervejas ( e eu lá nem era tão chegada assim), eram muito boas, no México, tomava com limão, que dílicia! Sem contar na tequila, Margarita...dancei lambada e merengue!
Confesso que, voltei diferente, voltei mais, sei lá, voltei com uma esperança de fazer tudo de novo em outro lugar e termino esse texto não com ponto final e sim com um ponto de partida

Muita história, ufa! Bienvenidos ao fantástico mundo latino!
Até a próxima com expedição, Panamá

sábado, janeiro 10

viajei em 70 páginas

quarto do albergue no México
Voltei, voltei com 18 kg de mochila, e mais bolsas amarradas em tudo que é canto, chorando para que deixassem meu sombrero (gigante) no voo comigo. Voltei com mais ou menos 2000 fotos, 30 vídeos e 7 países. Voltei com alguns ajustes e reajustes na lista de amigos ( e espero que nao se tornem tão somente virtuais), já me prometeram uma visita..., voltei mais gordinha (fast food), Voltei mais colorida. Voltei com mais esperança... com mais histórias, com um caderno e que esse escrevi 70 páginas, gastei 3 canetas. Voltei com meu gerreiro e inseparável Timberland.
Voltei à rotina, esperando as modificações da nossa língua portuguesa. Voltei a minha realidade, enfrentado meus conflitos e as dores na perna. (muitas). Voltei e já comi a rabanada, consegui abrir a mochila (no primeiro dia em casa eu nem quis olhá-la de tanta nostalgia) e o cheiro das coisas, das roupas compradas, e o lonely lá quietinho na bolsa. Eu volto e eu ganho presente - cd da Roberta Sá (não mereço tanto), ensaio de escola de samba - Salgueiro, lapa com os amigos, churrasco do cunhado, vestido de mamãe...assim eu fico em extase, abraços e mais abraços... Voltei, e essa semana foi assim: gripe forte de doer no peito. Chinelo arrebentado, óculos quebrado (sentei em cima)...tudo depois da viagem e só tem uma semana que voltei...Putz, e nem sei o que usar na minha formatura!
Digo que muita coisa vi, vivi, me achei e me perdi...
Um presente de Deus, e aliás, sua presença foi constante... chorei e ri, sozinha, mas conquistei aquilo que muitos nem acreditavam (nem eu acreditava), mas sonho sai do coração, é louco, nao se explica e nem se transfere, cada um com o seu, ou melhor, cada um com sua loucura, mania e ilusão...
Voltei muito emocionada, não consigo contar e nao chorar, sempre escapa uma lágrima.
Km e km percorridos - ônibus, carros velhos, barcos, a pé... fronteiras conquistas, medos derrubados...
Voltei querendo estudar mais sobre Zapatistas, Maias, crenças e culturas...
Voltei mas continuo sonhando...
e pra piorar a loucura de voltar pra algum lugar, estou lendo "O mundo de Sofia"...
Quero descansar agora... quero realmente acordar desse sonho e dizer: Voltei!
No próximo post - relatos sobre Panamá...