terça-feira, dezembro 7

Expedição Cuba - PaRtE 7

Em Sancti Spíritus

...Daí quando me dei conta, já estava em uma outra cidade, e aquilo era tudo muito real. Pisava firme naquelas pedras e sentia a areia roçar no meu dedo do pé. Só sabia andar. Tudo aquilo era muito normal. Foi tão óbvio que a sensação veio em forma de "uma poça no chão". Sim, eu pisei na poça em uma rua deserta.
Fui andando sem pensar em voltar e percebi que aquele sonho cresceu. Estava exatamente lá. Um lugar que sonhei por muito tempo. O sonho cresceu, libertou-se de quem o sonhou. Estava naquele momento, desprendendo-se do meu próprio sonho, em uma rua deserta de Sancti Spíritus.
Eu respiro, eu sinto prazer. Valorizo um sonho conquistado!
Das casas, das ruas, das construções... O que queria mesmo era estar por ali, andar e enxergar um pouco de esperança. Um pouco de chuva e um pouco de vento ...
Das lojas, vitrines com televisões antigas à venda, toca discos e vídeos cassetes. Charutos em caixas de madeiras, lacradas com um selo de garantia e originalidade. Optei por charutos individuais, saiu mais barato 7 charutos unitários do que uma caixa com 5. Os melhores: Cohiba, Romeo y Julieta, Partagas, H Upmann, Monte Cristo... O mais caro e o mais forte: Cohiba (charuto preferido de Fidel). Trouxe essas marcas. E uma caixa de Monte Cristo que parece um livro.
Há aqueles que vendem charutos clandestinos, não têm marca e saem pela metade do preço. Um pacote contém 10 charutos. Porém você não sabe se é tabaco, se é folha de bananeira, se é bosta seca de vaca... 
Uma chuvinha fina batia no telhado daquela tabacaria, como se quisesse me avisar: ' ei se manca, vá embora!
O cansaço bateu.  Mas havia silêncio, tranquilidade. Cuba é uma paz que se sente. É uma paz inventada.
Fui então, para um hotel na beira da estrada. Árvores e pássaros, aquilo tinha clima de aconchego.
Uma carta em cima da cama, dando-me boas vindas. Uma folha de caderno cheia de desenhos à giz de cera e as palavras, à caneta. (Trouxe comigo, achei aquilo tão familiar).
Uma sopa, uma cerveja, um livro, um banho e um dia que já se tornara noite. Uma leitura na piscina e fiz um carinho em mim mesma lendo aquelas saudosas palavras de Ernest. Mas nesse  dia, a solidão me encontrou. Estava ali, eu e um livro a beira de uma piscina,a beira de um colapso. O drama veio em forma de frases - escrevi três frases no meu caderno de anotações: 1ª- eu tenho sede; 2ª - eu estou aqui e 3ª - eu sinto saudade...
Hoje, já não sinto sede e nem estou mais lá... Mas continuo com a saudade. (saudade criada por uma escolha temporal - saudade de coisa ainda não vivida, mas já sentida - de se ter a pura felicidade, a mais verdadeira de todas)

3 comentários:

Leo Mandoki, Jr. disse...

eu tenho sede, e bebo água.
agora estou aqui, pq não consigo estar mto tempo longe.
não sinto saudade (não gosto de saudade). Sinto necessidade.
É praticamente impossível ver as tuas fotos e não sentir essa necessidade.

Noelia disse...

me encanta tu blog... te conoci por casualidad y me quedo a seguirte,... un saludo desde mi blog... que es de cocina española

www.lasguisanderas.com

Penélope disse...

Vim para deixar um FELIZ NATAL e um grande ANO NOVO a ti e a todos aqueles que teu coração abriga.
BOAS FESTAS!!!!