Art pour l'art - fragmentos da viagem

artistas usando o chão da rua pra ganhar dinheiro - Itália

Essa foi, sem dúvida, uma expedição cheia de idílios, de pura "Art pour l'art"! Tive a sensação de ir pra bem longe e não voltar nunca mais... e de fato, nunca mais voltei! Hoje estou aqui, mas não eu, não aquela de antes. Por isso que esses exercícios: de procurar o desconhecido, sair do seu mundo (uma imobilidade conservadora) são de grande valia, apesar de ainda não compreender esses mistérios da vida!

Minhas expedições estavam num rumo diferente, estava convicta que, a natureza, o exótico e o esotérico eram quase que fundamentais pra mim. Chateou-me quando ouvi alguém dizer: -Agora ela viajará de verdade. Minha mestria apareceu, se deu no comportamento singular que tive, não respondi! Sou latina, não me canso disso e ainda têm muitos cantos, buracos, ruelas (seja lá o que ) pra (me) encontrar!

Levei um livro escolhido às pressas , "Angústia" de Graciliano Ramos, achei no fundo do armário da casa dos meus pais, um clássico de 1936. Não, não fui vibrando com um livro que dizia sobre sofrimentos angustiantes (o nome do livro já diz), Graciliano retratou uma vida muito simples de um nordestino que adorava ler romances numa rede no quintal de seu jardim e que observava seus vizinhos, "sem querer" acompanhava a vida de todos, mas com um certo pudor. Uma história pura, essas que retratam a pobreza do lugar e a riqueza das pessoas...

Voltando na viagem: foram 3 paises - França, Itália e Suiça. Um frescor gostoso em Paris me deu a sensação de que estava na Europa, sim, estava lá! E foi lá que senti muitas coisas...A Itália me fez vibrar, um ar familiar! Minha irmã, com toda aquela expressão no olhar e um sorriso singular, deu-me a única oportunidade e que agarrei com unhas e dentes: estar com sua familia tradicional italiana (Siciliana) -Um verdadeiro filme de Al Pacino e Marlon Brando ("Il padrino", "Godfather"ou a tradução em português,"Poderoso chefão"). Ouvi relatos sensacionais do sogro dela, ele nos contou sobre a máfia, sobre seu passado como militar. "Tino"(apelido ao qual todos os chamam) foi personagem "real" de uma das histórias italianas mais bizarras. Seu depoimento sobre o caso investigativo está lá, Tino servia a guarda italiana - era Carabiniere, vale a pena ler: "Il mostro di Firenze"- clique aqui"...

O calor também me surpreendeu, 2 dias que achei que não fosse aguentar mais... por exemplo: 41 graus em Nápolis (surreal)... E a Suiça, lindinhaaa, parece uma casinha de boneca toda bordada...Ferrari, a todo lugar. Andava devagar, com medo de encontrar o ponto final, não queria chegar a última estação da viagem. Tolice! Aquilo se passava num segundo e passou!

Voltei com três malas a mais (com medo), uma não passou pela vigilância sanitária, sorte que só havia 1 queijinho nela...

Voltei bêbada de tanta informação, cultura, arte, quadros, igrejas, vinhos, licores, formaggios, sorvetes... voltei sem dor na perna, isso foi um avanço. Mesmo saindo às 7 da manhã e voltando às 8 e que ainda era dia. Dando um "giro" completo pelas cidades.

Quero dizer que senti e isso é muito importante. Sentir é um exercício pra alma, botar as coisas pra dentro! rs Não há dinheiro que pague isso. Nem minhas fotos (que foram mais de 2000) irão mostrar com exatião aquilo que enxerguei e que absorvi.

Encolhia muitas vezes os ombros, olhando aos quatro cantos, procurando no ar minha existência, minha verdadeira identidade. E estava tudo espalhado... fragmentos de quem sai de si pra entrar no mundo!

Estação de trem em Lugano - Suíça

Até o próximo post - Expedição Suíça