domingo, outubro 31

Expedição Cuba - PaRtE 4


Havana Vieja-um filme dos anos 50!


vista da sacada
... Voltando à viagem
Acordei. Incrível, mas já apresentava sinais de preocupação de um dia todo pela frente: como chegar até o restaurante do hotel? O que fazer sozinha pela cidade? E a roupa que prometi ao cubano? Meu coração acelerou... Credo! Será que absorvi aquela ridícula ansiedade do vôo com conexão a Miami?? (vide post abaixo). Eu...realmente estava afoita. Queria uma atenção especial, queria dizer à alguém que estava  num lugar mais intrigante e contrastante que já pude estar. E isso ainda porque não havia nem levantado da cama e, em poucas horas, Cuba só vi pela penumbra... mas eu já sabia. Esse lugar fala! Havana susurrava em meus ouvidos...
Coloquei uma roupa leve e simples. Sabia que faria uma maratona pela cidade! Quanto menor é a cidade mais vc caminha, pode ter certeza.  
Entro no elevador com o coração ainda acelerado, eram quatro  todos espelhados. "Algum desses leva a um esconderijo, sério" - pensei. Sozinha cheguei ao restaurante - buenos dias! Sentei-me timida e solitária, talvez se eu falasse daria eco. Escolhi uma mesa com  duas cadeiras, olhei para a que  ficou vaga e pensei: - vc será minha companheira de todas as manhãs! Vista pra piscina e para  palmeiras altas. Comi rápido... Da próxima vez trago minha mochila pra guardar os brioches... 
Havana- 
Camilo Cienfuegos
Juro, se eu pudesse descrevê-la diria que a cada dia e até meu último dia, ela foi  "bonitinha mas ordinária" - mas só pra mim! Logo de cara conheço dois holandeses (isso é uma constante em minhas viagens. Esses seres, além de super legais são,em sua essência, especiais). A cidade está dividida em três partes: Havana Vieja, Centro e Vedado ou cidade Moderna, onde fica o bairro residencialde Miramar. Começamos pelo novo, com casas lindas floridas, das embaixadas e consulados. As ruas são calmas e limpas dando a sensação de que ao final da rua, chegaria numa praia. Mas eu queria o centro, queria a movimentação. Logo de cara se vê o Capitólio (uma construção majestosa com 92 m de altura,  foi inspirada no Capitólio de Washington, nos EUA. Hoje, o local construído de parlamento  passou a Museu de Ciências Naturais. - Academy of Sciences).O Gran Teatro de la Havana também é uma das atrações importantes, afinal é a sede do Balé Nacional de Cuba. Edifício Teatro García Lorca e um pouco mais o tão esperado Museu da Revolução (ao atravessar a rua dei de cara com o Iate Granma - o que levou os revolucionários à costa cubana). Há dois prédios antigos aos quais eram sede de trabalho serio - um do Ernesto Che Guevara outro de Camilo Cienfuegos... Sentia Che por aquelas ruas...As praças me chamavam, impressionante! Algumas repletas de livros, outras de pinturas em tela, fotografias clássicas de Raúl Corrales, outras ainda, com preciosidades andando de lá pra cá. Ora fumando, ora cantando, ora sorrindo! Plaza de la Catedral próxima aos melhores bares e restaurantes -  uma bela catedral barroca compõe todo o ambiente. Impossível não sentar em alguma daquelas cadeiras ao ar livre! 
Catedral de Cuba
Havana vieja é o puro contraste cubano. Nas ruas, música e gente a todo momento. Dobrando a esquina, muda-se o ritmo, como se alguém controlasse as trocas de cd´s. De prédios velhos, aos cortiços. De cores das fachadas, até roupas estendidas no varal. De casas floridas, até gente sentada vendo a vida passar. De charuto ou flor. De água ou rum. De bar em bar. De ritmo a outro. De sorriso a miséria. Intriga!
A maioria do povo cubano tem formação universitária e fala inglês. É muito fácil identificar seus prazeres, andam com eles: se não tem charuto, tem-se livros. Se não tem música, tem-se bom papo. Se não tem "Havana Club" vai de "Mulata" ou qualquer outra marca de rum. O importante é ter rum.
Havana vieja parece um filme de 1950! Os carros "rabo de peixe" ficam estacionados em frente as casas. Os cubanos, sentados com pernas pra fora e descalços pra se aliviarem do calor. As crianças chegam correndo com uniforme vermelho e meia branca ou bege e ou cinza - depende do grau que está.
Porque além de educação, eles têm moradia. Não se vê criança nas ruas pedindo esmola- primeiro lugar da América Latina que fui que não deparei com este desprazer.  Mas o povo pede. Pelo olhar, pede. Não querem seu dinheiro, remédio ou seu all star usado. Pedem atenção. Pedem libertação - a liberdade de serem ouvidos. Pedem! 
Vi contrastes: os jovens são, em grande massa, rebeldes e capitalistas ao extremo. Os idosos são, em grande parte, calmos e conscientes do que foi aquela ilha 52 anos atras. 
Andando despretenciosamente por aquelas ruas, depois de tomar um Mojito na Bodeguita del Medio ao som de bolero com um grupo de cubanos (comprei o cd, 10 cucs) fui, com meus amigos holandeses até a Floridita, outro bar famoso pela seu grande frequentador da época - Hemingway! "Mojito es de Bodeguita, daiquiri es de Floridita"... O calor fritava meus pés junto ao suor. Fiquei pálida, tonta. Um cubano poliglota se aproximou, eu acho que ele falou em três idiomas. Boa pinta, baixo, barba feita, com roupa de marca e uma blusa com a bandeira estadudinense. Veio com pressa, como se quisesse nos tirar das ruas. 


De súbito inconsciente, virei-me pra esquerda e meus olhos estacionaram direto à fachada de um bar escuro, sem música e com portas largas. Não, eu não estava delirando. Tinha um cubano encostado na porta principal do bar fumando um charuto, parecia "pai de santo", vestia roupas brancas e aquela fumaça circulava em sua cabeça. Não, não era um cubano qualquer, apesar que "um cubano é cubano" porque são todos iguais. Era cantor, e não era um cantor de bares clandestinos sem equipamento de som. Era "O"cantor . Buena Vista Social Club (BVSC). Parei, enquanto meus amigos eram puxados por aquele jovem cubano, eu fiquei ali, em estado de graça. Olhei tanto que ele percebeu, rimos! Ele soltou um sorriso gostoso e fez sinal com a mão. Eu sussurrei: Es usted, el cantante? Ele riu e veio em minha direção. Segurou na minha mão e me levou naquele bar escuro e quente. "Quieres una musica, chica?" Dei conta de que meus amigos me seguiram e o outro cubano também, sentamos todos de frente ao palco imporvisado e a garçonete veio - Mojitos para todos, exceto ao jovem cubano que pediu Cuba Libre. Cantei junto, dancei na cadeira, aquilo me arrepiava... Por fim ele senta com a gente, tira um cd da bolsa e me oferece por 15 cucs, quando disse que era brasileira, me vendeu por 10cucs. De brinde ganhei seu autógrafo e ganhei o dia também. Quem diria um bar fétido e sombrio, brilhava ao som de cinco cubanos, eternos cubanos.
O dia foi cheio. Deixamos os museus e as fábricas de charuto e de rum para o dia seguinte...
Exausta, mas sem ansiedade. "Minha roupa fedia a fumo... a fumo cubano"
Até amigos, com mais expedição Cuba - Havana e sua história.
não dava pra fechar a sacada, impossível

6 comentários:

Andréya Rosa disse...

caramba!!! que por do sol lindo..
ai quero voltar a ver isso...
um beijo linda..

Leo Mandoki, Jr. disse...

me lembro perfeitamente de qnd vc me contou todas essas histórias...cda uma delas..e agora lendo elas aqui...me deu uma saudade de vc..PQP!!

disse...

tatii!!!!Meu sonho ter essa sorte de encontrar el cantante de BVSC!!!!!!!!!eu amo a musica deles!!!!!

Tatiana disse...

Fê - não é uma espécie de sorte. Vc encontrará quem quiser, basta andar por lá e pedir a alguma força maior: - eu quero sentir este lugar em toda sua grandeza! Pede assim!!!
Ooo Leo , eu tb! Como não fujo dos detalhes, né? Exatamente como te contei! Tem muito mais!

Rodrigo de Assis Passos disse...

lindas fotos!

guímel disse...

Lindas fotos e a viagem deve ter sido o máximo.

Bjsss