domingo, maio 17

Um filho, um livro e uma planta

Meu bonsai - meu cuidado diário
Li em algum lugar que todo homem deve ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore...
O que a princípio parece simples, tem lá sua exatidão na complexidade....
Quero sim, ser mãe, poder levar meu filho nas minhas viagens - colocá-lo amarrado no pano guatemalteco e sair por ai redescobrindo coisas ao lado dele ...
Quero sim, deixar alguma coisa escrita, não por vaidade ou por puro sentimento nostálgico, mas por medo! Medo do amanhã, de pensar que talvez os pequenos detalhes, simplórios e puros, não farão parte de uma nova geração. Escrevo então com medo, um medo absoluto de quando reler meus rascunhos perceber que boa parte do que vi e vivi já não se encontram mais nos olhos alheios... Escrevo por um anseio, o de não lembrar do que fiz e do que somei a outrem.
Há quem vive por experiências individuais e sinestésicas - que o que mais importa é o que estará guardado dentro do coração e não em fotos e lembranças dos lugares inóspitos que a vida nos presenteia... mas eu sou daquelas que: sonha, idealiza, vive, sente, guarda, passa a diante!
E tb quero sim, poder plantar e plantar o que colhi e colher o que plantei - assim nessa ordem!
Sempre gostei dos seres que fazem parte desta atmosfera de troca, os animais, as plantas, e os elementos que nos compõem e nos mantém... Essa ligação vem desde pequena, quando saia de casa e via um gambá atravessando um fio elétrico, quando via a revoada das maritacas ao final da tarde, quando tb era recebida pelo meu cachorro ao chegar da escola, quando me deparava com uma cobra no jardim, quando caia uma perereca no meu rosto ao colher uma mexerica no pé, e quando alguém brigava comigo, corria para minha casa imaginária na mangueira do quintal - lá do alto tinha um contato maior com alguma coisa Maior! Morava num condomínio a 20min da cidade.
Quero então continuar plantando, talvez um feijão no algodão, mostrando para meu filho que, aquilo é vida! Quero um cuidado, um carinho...
Foi ai que descobri o Bonsai, esse universo em miniatura vindo lá do Japão, aprimorado lá na China e que me permitiu conservar e a contemplar, me dando uma sensação de eternidade e desvario da arte. Ver a grandeza no pouco espaço e que me faz traduzir o apelo ao infinito! Um bonsai é mais velho que seu dono, e porque não cultivá-lo para um vida eterna ao lado de gerações e gerações? Estou num processo de estudos e percepções, quero cultivar meu próprio bonsai, uma jabuticabeira, uma mangueira, não importa... Bonsai significa árvore na bandeja... não é só isso, é moldada aos prazeres dos olhos... O meu tem 18 anos e está comigo a 2 meses, tenho tb um de romã, aquelas frutas coloridas pequeninas, parecem que falam, parecem que sentem, mas transmitem e querem essa troca: dou carinho e atenção, elas me dão beleza e subjetividade! Mas os que se sentem práticos e objetivos perguntarão: O que pode uma arvorezinha cara dessas nos ensinar? E eu responderei: talvez aquilo que já deveríamos saber!Ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore - Pois bem, começo então a , plantar uma árvore!
E ainda me pergunto, p q desse post? Falaria sobre minha expedição a Am. Central, mas me saiu esse, e já dizia Clarice - as coisas me acontecem, me é, me fazem, aliás estou viajando no livro "A paixão segundo G.H."
Viajo tb nas emoções, na vida, na particularidade do sentir, e do sentido das coisas! :)

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