quarta-feira, dezembro 1

Expedição Cuba - PaRtE 6

Memorial Che - Santa Clara
...Já me disseram que visitar um país e só conhecer sua capital é a mesma coisa que comer queijo com goiabada... Mas sem a goiabada. (belas palavras)... Portanto, mais um dia em Havana e eu já não me satisfazia com aquele "desayuno" compartilhado. (todos num mesmo ambiente e indiferentes, uns aos outros - até que nos últimos dias já trocávamos olhares e um sorriso sem graça)...
 Havana já não fazia parte dos meus sonhos. Já era pra mim, uma realidade desconhecida. Uma pura e simples realidade conquistada. Havana sem dúvida era motivo de muita festa! Um festival de sensações...
 Mas precisava seguir por outros caminhos... (segui por outras cidades do interior, mas retornei à Havana -  contarei em outro post)...
 Fui então à Santa Clara, quis muito ver de perto o túmulo do Che e estar em seu memorial (local em que Fidel fez um discurso e caiu quase de cara no chão)... Silêncio. Essa foi a ordem antes de chegar em seu mausoléu. Não pode tirar fotos, falar, comer e apresentar-se com trajes de banho. Entra-se numa porta, vira a esquerda, dobra a direita e pronto. Está lá, uma caixa de cobre  e no centro sua imagem. Atrás, outras caixas de cobre com outras imagens, eram todos aqueles ex-revolucionários. Dizem por ai que o corpo de Che está na Bolívia ou em um outro lugar. Mas eu o senti em Santa Clara. Flores ao chão e uma vela acesa. Lembrei-me do museu do Vaticano, em que o túmulo do Papa João Paulo estava lá, frio e sem graça, mas com flores, velas e silêncio. Lembrei-me também, do túmulo de Evita Perón em Buenos Aires, entrei numa fila dentro do cemitério e quando chegou minha vez de olhá-la pensei: - o que estou fazendo aqui? Ela está aqui?! 
De Havana a Santa Clara são 3 horas e meia de ônibus. Uma estrada calma, vazia... ao lado, uma mata robusta, uma mata virgem.
Uma linda cidade colonial com um centro histórico bastante preservado. Suas características: abrigar importantes universidades e ter o minério e a cana-de-açúcar como potenciais em seu comércio.
As praças, o chafariz... as margaridas e o sol.  Girassol à venda... "o cotidiano é raridade"...
 Nos arredores de Santa Clara, em direção o povoado de Remédios, encontra-se o Trem blindado, com os vagões originais que o Che Guevara fizera descarrilhar. Santa Clara viu o conflito mais violento entre militares de Fulgêncio Batista contra os revolucionários (irmãos Castro, Che e Camilo Cienfuegos)

 Hora do almoço. Comi tudo aquilo ao meu alcance, com muita vontade. Queria agarrar essa oportunidade de comer o melhor do simples. Comida cubana é extremamente saborosa.
Na terceira garfada escuto uma voz suave determinando um estilo musical. Era um bolero! Um grupo cubano se aproximou da mesa e tocou suas melhores músicas... Comia e mexia os ombros, simultaneamente. Até que, virei-me para trás e com um entusiasmo meu tímido mostrei minhas mãos ao alto aplaudindo todos, um por um. Perguntaram-me: "quieres una música?" Disse: - Comandante Che! Fechei os olhos e só sentia os pelos dos braços levantarem - isso que eu chamo de arrepio! Cantei ali, na mesa mesmo ao lado de um casal espanhol, duas alemãs e "una bella italiana". Quando, no meio do refrão, sinto um cutucar nas minhas costas. Não, não era "El comandante" era o cantor me chamando pra tocar com eles. (Ele realmente não sabia o que estava fazendo, ahahah) Eu fui! Deram-me o chocalho e eu acompanhava a música como se fosse a coisa mais natural da minha vida. E foi! Toquei com sentimento de liberdade. Perguntaram-me de onde eu era. OOO brasileña! "Olla que cosa mas linda, mas llena de graça, es essa chica que vem e que passa..." Num portuñol violento, cantaram em minha homenagem e eu lá no chocalho, "chocalhando" de rir...
  Falando de música, Santa Clara é o berço do famoso compositor e pianista cubano Rubén González, que é conhecido principalmente como membro do Buena Vista Social Club. 
Depois do animado almoço voltei com um outro planejamento. O planejamento para fim de tarde. Cansada e suada, o que eu mais queria era sentar numa praça e admirar. Ajeitei-me na pontinha de um banco, busquei o máximo de sombra possível. Foi ai que me dei conta de que sentara em frente a uma escola e exatamente no horário de saída "de los niños". Crianças uniformizadas naquele calor de 40 graus, com meias esticadas até a canela saiam em direção aos adultos. Algumas entravam naqueles carros velhos, outras subiam na bicicleta do pai amarrando bem firme seus livros na traseira. Outras sentavam naquela praça e,outras seguiam seu caminho a pé. De longe participei de um papo demorado entre duas jovens. Elas se olhavam, e nessa troca além de cumplicidade, tinha-se tristeza. Um vento triste. 
Fiquei tonta com tanta movimentação. 
Santa Clara foi assim. Um dia completo. Um dia em que pude enxergar movimentos paralelos, opostos...contrastantes! Eu fui fragmentada! Vestígios soltos pelo ar...
Até amigos, com mais Cuba e suas cidades!


4 comentários:

Professora Carla Nogueira disse...

hehehehe
'Viajei' com vc e consegui imaginar vc cantando com os músicos! Que delícia... Não vejo a hora de chegar a minha vez de conhecer esse país que tanto admiro! Obrigada por compartilhar!
Bjs e Boas viagens!

Leo Mandoki, Jr. disse...

não entendi foi o início...eu gosto mto de queijo com goiabada...isso quer dizer o q? seria algo do tipo...eu gosto mto de conhecer capitais?...e as vzs como o queijo todo e deixo um pouquinho de goiabada no prato...
nao entendi nda desse pensamento inicial!
....
ja te falei q vc poderia ganhar dinheiro escrevendo sobre viagens né!!....gosto de ver a s tuas fotos...sinto saudades...queria estar em Cuba com vc bebendo mojito e tomando banho de mar.

Layla disse...

que lindo *

www.sualista.com.br disse...

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