... Depois da capital, consegui algumas dicas da proprietária do albergue, ela é norueguesa, isso mesmo, após uma visita a El Salvador, ela nunca mais voltou pra sua antiga casa, lá na Noruega! (será que ela já viu cabeça de bacalhau por lá?) Tenho muita vontade de fazer uma Expedição a Escandinávia... voltando a El Salvador: bom, ela me disse q se eu quisesse descansar, caminhar, deitar na rede, comer um bom peixe e ficar longe de turistas, que era pra eu ir numa comunidade de pescadores ao norte de El Salvador, pois bem, fui eu lá, e ela tb me indica um outro albergue, ficando nessa comunidade, esse albergue era dela tb. Capricho´s Beach House (optei por ficar em cabana, mais barato e sendo mais a característica do lugar)
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quarta-feira, setembro 2
Expedição El Salvador: PaRtE 3
fomos juntas a Barra de Santiago
Acordei às 07:00 hs, tomei "desayuno" (panquecas com geléia e café bem forte). Peguei então um microônibus até o terminal Occidente (aquele estranho que falei no 1º post de El Salvador),entro em outro ônibus para uma cidade chamada Sonsonate, a 1 hora de El Salvador, depois em Sonsonate pego outro ônibus, esse iria a fronteira com a Guatemala. Tinha que tomar muito cuidado pq se passasse do ponto poderia voltar à Guatemala. Parei então a Barra de Santiago. Como sempre estava num desses ônibus escolares americanos, dentro tinha muuuuita gente, muito calor, e muuuita música! Por vezes entrava e saía vendedores ambulantes, com os mais variados produtos: melancia cortada, coco cortado, água no saquinho, banana em tirinhas fininhas e fritas... Sentei ao lado de um rapaz , sabe quando vc se sente nada a ver com o ambiente, me sentia um ET, todo mundo me olhava e ria, achei até que estava com alguma coisa grudada na cabeça, passava a mão , mas não saía nada. Até que puxei papo com o cara ao lado, disse a ele que iria a Barra de Santiago e que estava calor ali, não?! Ele me olhou espantado, parecia cena de filme quando a gente dá um PAUSE, e eu apenas mexendo o corpo. Pronto, ferrou, pensei. Vi também que outras pessoas me olhavam meio assustadas. O cara me disse: Tu hablas español! Eu digo: Si, como no?! Ele disse: Eres argentina? Eu disse: ......! Brincadeira, eu disse: Noooo, "ái" por favor, soy brasileña! Senti uma leveza no ar, acabou que ele me ajudou pra caramba, ao ponto de levantar junto comigo, puxar a cordinha e por vezes gritava pro ônibus parar. O motorista estava meio tarado pra chegar no destino final. Eu acho q mais umas 4 horas eles chegariam na Guatemala. Desci! Ninguém mais. No meio de uma estrada, cheia de mato, atravesso a rua quase que involuntariamente, minhas pernas iam! Cheguei do outro lado, vi um carro cortado atrás e algumas pessoas subindo, eu perguntei como fazia pra chegar em Barra de Santiago? E eles me falaram: subindo aqui! Paguei uns centavos de dólar e subi. Pulei meio sem jeito com a ajuda de um garoto. Sentei e na minha frente uma senhora feliz, ela foi curtindo o vento na cara até o seu ponto final, ria, se divertia, até posou pra foto! Aproveitei pra filmá-la tb (aguardem no vídeo Expedição El Salvador)! Decidi então, a levantar, segurando o chapéu viro pra frente, uma mão no panamá Hat e a outra no suporte de madeira improvisado. Fechei os olhos e senti aquela brisa, aquele vento invadindo meu rosto, entrando pelos meus cabelos! Chegamos, o rapaz super gentil me deixa na porta do albergue. Coisas estranhas estavam acontecendo... coisas muito estranhas. Não tinha NINGUÉM no albergue, exceto a Dona Maria e seus filhos que cuidavam do lugar.
Deixo então minhas coisas na cabana (dormi numa cabana bem simpática, porém quente e cheia de pernilongos)! O banheiro era pelo lado de fora, pra se chegar até lá, tinha que passar por um caminho invadido pela areia de praia... ia dormir sempre com vestígios de grãos pelos pés, rs! Pedi a ela que preparasse o peixe que a norueguesa me indicou. Fabuloso, ou melhor, "esquisito" e fui então a explorar aqueles cantos de lá! PQP, ninguém na praia. Apenas alguns pescadores chegando de um dia de trabalho, poucos homens, mas que sumiram de repente do meu campo visual. (será que eles me viram?)
Andei, mas andei tanto até meus pés não aguentarem mais e mesmo assim não vi o fim da praia, foi ai que descobri o infinito: olhava pro céu, olhava pro mar e olhava pra frente! Não via o final de nenhum desses lugares! O infinito me fez ter algumas fortes reações: gritava, corria de olhos fechados, chorava alto, sentava, deitava... abria os braços! Encontrei o infinito, sim, ele existe! Junto a ele veio a solidão, foi ai que senti o peso e o poder desta palavra! Percebi que, é fantástico viajar sozinha, viver sozinha, pensar sozinha e SER sozinha! É muito maravilhoso ir e vir sem ter hora certa, prazo ou permissão. Mas seria tão fantástico assim até quando?
Este período, com alguns desencontros pude aproveitar a solidão! "Me aproveitar", "Buen provecho", como se estivesse experimentando o alimento, provando minha própria carne. Me conheci de verdade, "me abri", falei um tantão de merda e as joguei aos quatro ventos... Eu estava lá. EU, somente eu! Me transformei em "It", uma coisa! Descobri que posso ser eu (Foi a mesma sensação que tive no Salar de Uyuni, Bolívia). Saí de lá totalmente compreendida de mim mesma, louco isso. Não durou muito tempo, aliás nunca dura, bastou dar as costas ao infinito desse lugar, tudo voltou, lentamente... e voltei aquela pessoa cheia de dúvidas, cheia de ilusões e com falsas impressões... fui me estabelecendo. Juro, só estou conseguindo relatar, aqui pra vocês, porque está tudo escrito, lá escrevi bastante, coisas sem nexo, sem pé nem cabeça, coisas jogadas (como eu estava) mas que naquele momento tinham muito fundamento pra mim. Hoje penso que poderia ser um pouquinho diferente, poderia ter compartilhado esse EU, essa solidão com mais alguém, talvez esse alguém poderia me contar como eu estava, como eu era, e eu, poderia contar a esse alguém como ele estava, como ele era. Senti, de verdade, Deus pairando naquele infinito! 100km de praia não é mole não!
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